segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Chuva - Lluvia

chuva que não se vê, mas sente-se,
cobrimo-nos dela e ela não escorre pelo chão

chuva que nos espelha,
e não sabemos onde?
Se é a sombra ou se somos nós, salpicados pelo chão molhado.

chuva vista pela janela do meu quarto, onde os pingos escorrem pela mão branca.
Lá fora a cor está a guardar os cabelos e os olhares da chuva que cai.


hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor

(...)
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca
palabras que naufragan
palabras que no saben que hay sol porque nacen y mueren la misma noche en que amó
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá
como el silencio que hay entre dos rosas
o como yo

que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia
a la lluvia
a mi corazón desterrado


(Juan Gelman - Buenos Aires)

Imagens: (R. Gonçalves, Nunes de Freitas, Alba Luna em ww.olhares.com)

5 comentários:

lupuscanissignatus disse...

Às vezes, quando ela vem acompanhada pelo vento norte, também chove dentro do nosso coração...

Post molhado de ternura: nota-se isso ao enxugar as fotos, o poema, e os pingos reflexivos que compõem o quadro.

Dalaila disse...

a chuva com vento, molha-nos verdadeiramente, porque nada consegue cobrir!

E a molharmo-nos em ternuras em mimos, salpicamos água para outros

Marinha de Allegue disse...

Eu vivo nunha cidade onde a chuvia é unha arte, Santiago de Compostela.

Unha apertaaaa.
:)

nuno disse...

Não sei bem o que é...

Há alguns dias, enquanto percorria um corredor tão longo como a ponte que tem o nome dum navegador... mas não tanto... senti na boca o paladar dos fins de tarde de Outono com chuva...

E não chovia lá fora... Não naquele instante...

Estranho... saber a que sabia o fim de tarde recém molhado...

Talvez... quem sabe... noutra dimensão... ou noutra vida... o sentir da chuva era tão intenso... que se escoou de corpo em corpo... de realidade em realidade... de tempo em tempo...

Seria bonito se assim fosse...

Dalaila disse...

Olá Nuno!

Estes ventos agradecem as imagens que recriaste, lindas, sente-se por dentro, e sente-se com a intensidade da chuva, em qualquer tempo.