terça-feira, 7 de agosto de 2007

O nosso festival do Sudoeste


Imagens: Blitz

Eram 17:30h, sexta feira, o carro esperava ansioso na sombra que o motor arrancasse, os CDs aqueciam, as malas ferviam e assim, duas MARIAS meteram-se a caminho de mais uma aventura musical.
O Alentejo esperava por nós, a música já arrepiava os presentes, desde o dia anterior. Até que às 18.00h do dia 3 de Agosto, após uma paragem em Lisboa lá chegamos a Cavaleiro, à nossa espera estava a D. Maria que nos arranjaria o quarto para dormir, e assim foi... O quarto das netas da D. Aurora aguardava-nos, uma senhora de Maximinos de Braga que nos meteu logo no coração.

E, de coração fomos caminhando, pela estrada com o verde na paisagem, as àrvores e ao som do The National até ao Festival.
Portas abertas às estrelas do palco, no céu poucas reluziam, ao nevoeiro do fumo branco que saia das bocas - ao mais alto nível, todos têm que fumar, todos têm que passar o charrito, deve ser o baptismo para curtirem... mas o mais engraçado é que deve ser um divertimento que eu não entendo... ninguém salta, ninguém pula, poucos cantam, ninguém se enrola no terrado... dormem, bebem... e caem para o lado.
Já não há diversão só com a música, o ambiente, e à piada de estar vivo, tem que ter a garrafa de "água" na mão, o charro na boca, ou a bebida a entornar... tem que ter químicos... mas queríamos era a química.... o alcóol entra pelas veias, pelo odor, pelos olhos até cairem como tordos!!
Mas há quem suba ao palco, há música!

Cinematics uma banda de Glasgow, a um bom nível, cantam e encantam com um pop melodioso, entre Suede e uns Keane, que nesse preciso momento tocavam na minha querida cidade do Porto.
Os Portugueses Balla, boa música mas sem bala, sem explosão, sem atingir nada.
Os Rock Data, todos de vermelho, aos saltos no palco, exploravam a guitarra e os sons rockeiros.

Na manhã seguinte remamos à praia da Amália, numa falésia entre eucaliptos, suspiravamos por um vento do norte que nos refrescasse... diziam os alentejanos, a praia está cheia!!! digamos que de 10 em 10 m se via alguém...
Noite de Patrick Wolf um inglês irreverente muito electrónico que com ares de strip ia abusando do seu lado gaja...
O palco principal para nós não existiu nessa noite, é definitivamente o festival da Street e do Reggae, apenas o Sérgio Godinho captou a minha atenção. Para mim essa noite foi acompanhada sempre com o ar nortenho da abadia.
Os Koop, com a voz suave de uma mulher, num jazz electrónico, muito bons, mas para espaços mais intimistas.
A noite acabou já tarde ao som de Bloc Party, no regresso ao lar.

Manhã cedo e a praia do Cabo Sardão já acordava ao som das primeiras pégadas, com o farol de fundo, e a falésia com um cheiro que se confundia entre o verde das dunas e o mar, era a paisagem mais bela de todas, a música estava lá e o melhor dos poemas.
Se pudesse recortar aquele sítio e viajar nele, dentro dele, pela estrada... ia até onde o vento me levasse.
Mas a noite ia ser longa e a mais ansiada, até tremiam as pernas, o coração batia mais forte, a pele arrepiava sempre que imaginva que ia sentir os The National, ao vivo a cores, mas no palco secundário... a este pormenor nem comento....

A noite começou no palco principal com os Razorlight, que tiveram luz, tentaram que as poucas pessoas que assistiam os ajudassem a iluminar, com poder, com rock, com guitarra, com interacção, muito bons, e assim cai a noite no sudoeste, onde pouco tempo depois os Phoenix , os franceses num tom muito electrónico, moderno puseram todos os corpos a dançar, num pop muito positivista, ao mesmo tempo os Of Montreal vieram dissipar as dúvidas de quem não conhecia, muito teatrais, com uma voz muito peculiar revolucionaram o público com amostras de música combinadas com vestimentas e videos, num pop muito colorido e psicadélico.
Mas a gente só apareceu, vinda de todos os lados quando em palco aparecerem os "velhinhos" James, com uma séria de hits, que pôs toda a gente a cantar, o vocalista lá fez o jeito, até que no final até puxou um bocadinho pela voz, e dançou freneticamente...
Mas o momento auge, para nós seria no placo secundário onde iriam actuar os The National, mas de facto as lágrimas quase me cairam, o som estava péssimo, os instrumentos não se distinguiam, o som não tinha profundidade, só feedbacks... como é possível, trocavam microfone, colocavam mais um cabo, os músicos passeavam no pequeno palco, até encontrar um local onde não fizessem sons estridentes, mas não era possível.
Matt Berninger, o vocalista, pouco sóbrio, cambaleava por entre o palco, mas a sua voz era magnânime sempre...
Mas só mesmo completamente bêbado era possivel actuar naquele espaço...!!!
Mesmo assim, eles resistiram durante uma hora, foram magnificos, brilhantes, e tão simpáticos.

E, assim acabamos a noite a cambalear também, pelo cansaço, mas vivas da música, da partilha, onde os olhos finalmente brilhavam com pautas de música, e pela estrada rumo ao norte mas com o coração lá, onde a música era viva e as paisagens eram verdadeiras aguarelas.

Para o ano voltaremos.

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