segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Inverno, estação com apeadeiros!


Imagem: Piit

No Inverno tu caminhas sobre as sombras do sol,
agasalhas-te na lareira e deixas o copo aquecer,
no inverno tu abres a persiana e, os raios de sol
desenham-se nas paredes e espreguiçam-se no sofá.

No Inverno, a comida é quente, as luzes da noite têm cor,
as pessoas agarram-se e aquecem-se,
no inverno tu tens as cores da manhã,
as manhãs que salto da cama e vou sentir a cidade a passar o dia.

No Inverno foi quando tu me abraçaste com ar de me querer,
foi quando o sorriso se instalou, o coração saltou,
e as calles de vigo assistiram ao desenlace.

No Inverno foi quando nasci,
foi quando despertei,
no Inverno há Natal,
no inverno aqueço-me nas tuas palavras,
que soletras devagar no meu corpo

O Inverno é a estação que o farol tem luz e ilumina,
é a estação que me veste,
nesta estação cheia de apeadeiros,
onde o comboio pára e arranca devagar até outra,
onde as lentes não desfocam,
onde é tudo claro,
onde a neblina veste os campos,

onde o olhar aumenta a cada novo sentido!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pelo Sonho!


Imagem: Lieko Shiga

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.


(Sebastião da Gama)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A ti PAI!



A Ti,

que me ajudaste sempre a subir,
e nunca me deixaste cair!

a Ti,
Feliz Aniversário!
ainda faltam escrever páginas para te descrever!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O gelo!


Imagens: Giedrus Varnas

Gelou?
Gelou a estrada à noite,
Gelou o alcatrão que nos molda,
Gelou o dia de cinzento,
Gelou?
Gelou o telhado da casa,
Gelou?
Gelou a varanda, a janela tem vapores, os fumos saem de todos os cantos,
Gelou?
Gelou o rio que caminha pelas águas,
Gelou o corpo,
Gelou a sombra,
Gelou o candeeiro com luz,
Gelou a árvore que se despiu,
Gelou a flor sem pétalas,
Gelou a conversa que ficou a meio,
Gelou?
Gelou?
Mas é tempo de gelar, é tempo de frio, é tempo de agasalhar, é tempo de mimar os dias com luz das velas e,
da alma,
essa que aquece e que transborda dos olhos, essa que derrete o gelo e aquece o outro,
essa que vem de dentro e que nos faz deslizar na vida e nos dias como se fossem últimos,
essa que aquece a água que bebemos,
essa que nos faz transpirar,
essa que tem cor, essa,
essa,
essa que não gela,
que faz as pernas tremer, a face corar, e os olhos a irradiar, essa,
essa,
essa,
essa,
essa,
essa,
essa,
que a sinto e a tenho!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Hoje é para elas!


Imagem: Wang Wi Gang

As pessoas grandes nunca percebem nada sozinhas e uma
criança acaba por se cansar de ter que estar sempre a explicar-lhes tudo.

(Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Já cheira!


Imagem: Claudio Naboni

Lá em casa já cheira a Natal!

A árvore já reluz,
a lareira já se acendeu,
a luz já nos vestiu,
as sombras das luzes já desenham as paredes,
o corre e corre das prendas já acabou,
os enfeites já estão pendurados,
as caixas de música já deram a corda,
a neve das bolinhas já se soltou,
o espírito já bateu à porta,
os sofás já se enchem de gente com alma,
a gata já se pendura nos ramos,
_______já vesti a pantufa,
___________________já senti o amor,
_______________________________já vi a luz,
______________________________________já incendiei a lareira,

........ assim como o amor me incendeia a mim!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Os Degraus


Imagem: Patricio Suarez

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.

Não desças, não subas, fica.

O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

(Mário Quintana)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Pinheiro - Uma grande noite







Há noites onde os toques se sentem nas caixas, nos abraços, no vinho que não falta, no pinheiro bem no alto, nos rojões quentinhos, nas papas em cada prato, nas mesas cheias de amigos, nos bombos que se rompem.
Noite tardia, onde o frio aquece, onde a madrugada é longa, onde as conversas se dissipam no alcool que se vai bebendo.

Há melhor noite do ano.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ao meu AMIGO, a ELE



Hoje é o dia do meu AMIGO!
O MEU amigo de todas as horas e momentos,
entre uma viagem,
uma guiness que não falta,
um cigarro ou dois ou três,
aos concertos em terra batida,
ao sofá em noites de choro,
ao deitar em noites tardias,
o meu amigo é de verdade e existe,
existe em mim porque me molda devagar,
porque se esculpiu na minha vida e não sai mais.

O meu amigo, desce de Lisboa, pára em Coimbra, dorme em Gaia, diverte-se no Porto e ruma até ao Berço para mimar os meus dias,
ainda não há palavras inventadas para dizer quem é o meu amigo,
é esse que não falta,
é esse que atravessa caminhos soltuosos ou a direito para dar a mão,
é esse que não gosta de travessias no deserto, nem que seja a camelo,
é esse que me abraça e tudo passa,
é esse que caminha agora pelos 38,
é UM AMIGO ÚNICO!

Entre conversas tardias,
um gin tónico na varanda,
um desejo infinito da felicidade,
é esse o meu amigo,
que não falta nunca!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Não há pachorra, ai não, não!



Imagem 1: Haverá Sangue de Paul Thomas Anderson
Imagem2: Os amores de Astrea e Celadon de Eric Rohmer

Ontem dediquei-me ao cinema e aos filmes, mas devia era ter ficado a dormir, se calhar via coisas melhores.

Iniciei pelo "Haverá Sangue", com um dos meus actores favoritos Daniel Day Lewis, e de facto quase que houve sangue lá em casa, de aborrecimento, de seca, de olhar para o ecrã e admirar que todas as personagens do filme eram horriveis, não havia uma que escapasse, até o míudo que fica surdo, nem esse, me suscitou qualquer carinho.
O Daniel Day Lewis é de facto um actor único, interpreta fantasticamente o papel, mesmo quando não gosto.
Um filme capitalista, onde os presumiveis capitalistas eram de facto os mais agradavéis, porque desde o Padre que pregava a expulsão do diabo e se tornou o próprio diabo, ao irmão que não era irmão, ao pai que não era pai, ao filho que afinal era orfão, eram de facto personagens insuportavéis, mais capitalistas que os capitalistas.

Mas, depois de uma horas sempre à espera que algo de facto se alterasse em mim, o que não aconteceu, dirigi-me ao Cineclube de Guimarães, que normalmente passa os filmes que eu adoro, mas ontem de facto o bom mesmo, era ter ficado no sofá.

Fui ver o "Os Amores de Astrea e de Celadon", adoptado de uma história de amor barroca extraída do romance de Honoré d'Urgé (1568-1625), que de facto me fez rir, e me fez sair ao intervalo, o que retenho do pouco que vi, é que fora ser muito muito mal interpretado, a história resume-se a um pastor que de rastos pela sua amada não acreditar nele, diz:

- vou-me atirar ao rio!

e de facto atirou-se, tendo sido encontrado por uma ninfa dona de um castelo, que se apaixona por ele e não o liberta, a resposta dele, foi:

- vou-me atirar novamente ao rio!

de facto não sei quantas mais vezes ele se atirou ao rio, porque saí no intervalo.

E só posso dizer, não há pachorra mesmo, ai não há não!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O único bem precioso!



Dá-me um beijo como se fosse na boca, dá-me um beijo como se fosse na tua. Dá-me um beijo como eu te dou porque quero sentir na pele o incondicionalismo do meu amor, só para saber quanto custa o que não tem preço mas que, para ti, estará eternamente na prateleira das promoções com o desconto do infinito e uma menina a dar amostras, às quais te fazes cara para que te dê o valor. E o valor sei-o de cor como os lápis de cera que derreti à Santa, pedindo-lhe para interceder junto do teu olhar para que me visses com outros olhos, os gentis que não tinham graduação… por não serem oficiais e não precisarem de óculos.

Dá-me o virar da cara para te conhecer melhor a face esquerda. Dá-me o virar da cara para te conhecer melhor a face direita. E à terceira dás-me os lábios para que eu te mostre o que tenho andado a praticar às escondidas com as tuas bochechas.

Sabes, eu e algumas partes do teu corpo somos cúmplices e não sabes mas conheço-te como não imaginas porque te vês mal… com a rudeza de quem julga o belo como a um filme mau que era preciso ver em boa companhia, com o maior dos intervalos e com o enredo que só as carícias sabem engrossar.

E agora conheço-te completamente como o fruto que me escorrega no sumo até ao queixo, mas que eu resgato com cuidado para que nada se desperdice. É importante que o amor não se desperdice porque o amor, nos dias que correm, é o único bem precioso.

(João Negreiros, Luto Lento)

Lançamento do livro luto lento, de João Negreiros, a ter lugar no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos, no Largo Doutor José Novais, no dia 22 de Novembro pelas 22 horas.
Nesta noite poderá deliciar-se com João Negreiros, através das interpretações viscerais e absolutamente comoventes de alguns dos poemas do seu mais recente livro de poesia.
A não perder!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A morada


Imagem: Lilya Corneli

Um dia voltarei à morada das papoilas
colher os versos vermelhos
que semeei na seara.

Um dia o vento estará maduro.


(Albano Martins)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Guimarães Jazz 2008



Começa hoje, sem perder um único som, o programa aqui

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um vento de amor


Imagem: Gwendoly Kraehnfuss

Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.


(Khali Gibran)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os ginásios



Sempre detestei ginásios, e tudo o que os rodeava, a música normalmente bem alta para que todos oiçam mas sempre a mesma..., as aulas com nome sempre de body qualquer coisa, bem que podiam ser chamadas murros em dança, socos no ar, mas os nomes body pump, body attack, soam sempre melhor.

Nas passadeiras corre-se, corre-se, corre-se para chegar a lado nenhum, a bicicleta sobe e desce montanhas quietas, as roupas dos utilizadores sempre o último grito, combinadíssimas e sem qualquer encorrilho, se possível com as marcas a piscar, os cabelos sempre ao vento que não existe, as conversas de ocosião, pde ser que leve a mais algum lado.
Os corpos, bem definidos, com os músculos bem salientes e mais um peso a ajudar a tonificar mais qualquer coisa.

Diga-se adoro desporto, nunca gostei foi de ginásios, sempre fui um bocado preguiçosa correr, não era bem o meu ideal para um fim de serão, pesos nas pernas nos braços, deitada ou de pé, quantos menos melhor, sempre fui atleta mas gostava era da competição da adrenalina do jogo, do convívio com as amigas e com os treinadores.

Nunca gostei de ginásios, mas lá estou, se calhar como quase todas as outras pessoas!!!!

Não sabia era da existência dos profissionais do ginásio, fazem todas as aulas, são especialistas do step, do peso, saltam a cordam, transpiram na bicicleta, entram às cinco da tarde e quando a empregada da limpeza já suspira pelo último cliente ainda se agarram às máquinas para queimar a última caloria. Fazem os exercícios com um rigor, já todos de cor, olham-se no espelho e admiram-se o quão bom são à beira destas novatas que chegam e tropeçam logo nos pés, que correm atrás dos outros e elevam o braço esquerdo ao invés do direito.... que erro!!!!! ai, ai, ai!!!!

Mas minha gente o que conta é fazer qualquer.... nem que seja ao contrario, nem que seja 10 minutos a uma velocidade lenta.

É verdade que a culpa disto tudo, é do presunto, da manteiga, das francesinhas especiais, da batata frita, da chouriça, da morcela, do queijo da serra, dos patês e dos rojões minhotos, o exterior não se nota, mas estas comidas deliciosas colam-se no interior e depois ai, ai, o colesterol, os triglicerídeos!!!!!

E, pronto la fui eu pedalar, bombar, e como dizem os brasileiros malhar, para um ginásio!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O tempo no relógio que para e não para!


Imagem: Avela

Há alturas em que gostava de brincar com o relógio e, pará-lo,
bloqueá-lo onde me apetecesse, para que o tempo parasse comigo,
todos os ponteiros teriam a mesma hora, a minha, a que eu quisesse,
o tempo que não andasse, mas que me fizesse mover dentro dos ponteiros,
aí sim, teria tempo para escrever,
para ouvir,
para criar,
para
para
para
para........................................ parar!

Mas o tempo anda e dispara e muitas vezes, corro corro e não o apanho,
ou porque durmo demais e não vejo o dia a não ser na almofada,
ou porque não durmo, e fico a encostar-me à rua onde vagueio e adormeço nela,
ou porque o tempo é pequeno para tudo aquilo que cabe em mim.

Se os ponteiros parassem eu só quereria que eles andassem outra vez, e voassem, e me levassem com eles no tempo,
este que nos resta todos os dias,
todos os dias temos que o agarrar para sorrir,
para partilhar,
para que ele pare no nosso peito, e fiquemos horas a contemplar o momento que temos,
ali, lá, aqui, sempre, hoje,
e não o percamos nos outros momentos.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O farol iluminado com bruxas voantes



Hoje elas andam à solta, doces, maravilhosas, feias e bonitas,
inundam as casas com cor, um presente ou uma partida, quem quiser que decida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Neste terraço


Imagem: Margherita Blasi

Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.

(Carlos Drummond Andrade)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Como se o vento trouxesse




Imagens: Emily Portmann

como se o vento trouxesse
recados
que pudesse abandonar
ao serviço do mensageiro

como se o vento te pudesse levar
e as palavras transformar
no milagre da cerejeira

não descuides o vento
que quem uiva
é lobo faminto

rodeia-te antes do essencial
faz-te cozinheira, semeia o teu quintal

o que por natureza rola
há-de rolar
e tu sozinha
o que podes contra o vento?

(Ana Paula Inácio)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Adoro-os e amo-os e vou



Passei horas
e horas,
_____dias,
_________semanas,
________________meses,
_______________________anos onde a minha maior companhia eram eles, no coração, no rádio do carro, na aparelhagem de casa, no dvd, no VHS, em Lps, CDS, DVDs, MP3 eles tocavam sempre, e quanto mais tocavam mais eu subia, mais eu caminhava, mais eu ia, mais eu me preenchia, mais eu acreditava, mais eu me inspirava, mais eu ficava em mim. Mais eu era eu, sempre que via mais um concerto na televisão, mais a pele se arrepiava, mais a vontade de os ouvir de novo batia mais forte.

Quando vi em DVD o concerto no Parque Bercy em Paris, senti que há músicas que foram desenhadas, dançadas, escritas, cantadas para nós, é o que aconteceu com a última música do concerto "Never let me down again" que me punha sempre a chorar, sempre arrepiada, sempre com vontade de estar ali no meio daqueles milhares de pessoas a abanar os braços e a sentir a força daquele som, daquelas vozes.

E, assim foi em Lisboa em 2006, estive lá, e senti isso tudo, agora na minha terra do coração no Porto espero vibrar mais uma vez, apesar de sentir que o ar livre tira intimismo, tira presença, tira proximidade, tira magia, mas não tira vontade de os ver, e não arranca músicas, por isso dia 11 de Julho lá estarei nem que chova canivetes, e haverá lá uma música, pelo menos, que será cantada para mim, porque é minha, porque vivo nela e percorro-a em cada acorde, porque me acordou.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mesa dos sonhos


Imagem: Gwendolyn Kraehenfuss

Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte povoando
De novos sonhos a vida.


(Alexandre O`Neill)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O teu sorriso



Imagens: Elene Usdin

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
(…)
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

(Pablo Neruda)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Das manhãs no vento


Imagem: Gwendolyn Kraehenfuss

Das manhãs
Apenas levarei a luz
Despovoada

Sem promessas
sem barcos
E sem casas

Não levarei o orvalho das ameias
Não levarei o pulso das ramadas

Da tua vez

Levarei os sítios das mimosas
Apenas os sítios das mimosas

As pedras
As nuvens
O teu canto

Levarei manhãs e madrugadas

(Daniel Faria)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

As que ainda tocam- eternas!


Imagem: Patrizio Batagllia

Das músicas que já têm uns anos, há muitas que ainda vibram na pele e tocam por dentro:

1. Depeche Mode - Never let me down Again
2. Radio Head - Karma Police
3. Rufus Wainwright - Cigarrettes and Chocolate Milk
4. U2 - Sunday Bloody Sunday
5. Waterboys - The Wole of the moon
6. The Smiths - Panic
7. Tears for Fears - Shout
8. This Mortal Coil - Song to the Siren
9. New Order - Regret
10. Rush - Closer to the heart
11. Everything but a Girl - Missing
12. Apollo Four Forty - Lost in Space
13. Buggles - Video Kill the Radio Star
14. Eurythmics - Sweet Dreams Are Made Of This

e há ainda tantas mais!!!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O segundo do fim



O Teatro Universitário do Minho apresenta

O SEGUNDO DO FIM de João Negreiros

4 de OUT a 8 de NOV 4F a SAB às 21h30min
Braga Auditório do TUM (perto das Frigideiras da Sé)

Autoria/Encenação: João Negreiros
Elenco: Cátia Cunha e Silva, Dina Costa e Filipe Martins.
Cenografia: João Negreiros.
Desenho de Luz: Rui Maia.
Sonoplastia: João Negreiros.
Figurinos: criação colectiva.
Operação de luz: Benjamim Vaz
Operação de som: Emanuel Mendes

Idades: maiores de 14 anos
Preço: € 4 ; € 2 estudantes e sócios do TUM
Local: Braga Auditório do TUM, Rua do Farto (junto à Sé)
Reservas: teatrum@gmail.com 965530263 / 964344093

Eu não vou faltar!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Elogio ao amor puro


Imagem: Avela

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá, tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banalidades, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.

Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem .

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

(Miguel Esteves Cardoso)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Chegou o Outono??


Imagem: Jean Fréderic Bourdier


Chegou o Outono,
já cheira a castanha assada,
é tempo de folhas no chão,
de vento a soprar,
do frio a arrepiar,
das luzes mais quentes nas casas,
das árvores a cintilarem as cores castanhas e vermelhas,
dos frutos mais quentes,
dos rojões e do cozido à portuguesa,
de lanches na lareira,
do casaco de lã,
do cachecol que nos abraça o pescoço,
do vinho que aquece
chegou o Outono,
e então?

Vamos vestir o bikini e mergulhar na praia!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Parche che bella la Italia!



Porque realiza filmes como este, onde tudo é perfeito,fantástico, os actores maravilhosos, a história soberba e um final delirante.

Por isto e tanto mais que a Itália é belissíma.

Fiquei colada à cadeira e mais uma vez voei dentro da tela.

"Accio e Manrico são irmãos, mas defendem ideais distintos. Accio é um fascista conflituoso e Manrico um comunista carismático. Os dois estão em constante confronto nos anos 60 e 70, época de grande agitação social e cultural. A sua relação é posta ainda mais à prova quando se apaixonam ambos por Francesca."

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pessoas que não desaparecem


Imagem: F. Pinto

Soltam-se as estrelas no céu
e levam as pessoas que nos são queridas,
há pessoas que não conheço,
mas pela história que têm,
pela doçura que falam,
pelas rugas na pele,
pelos passos que deram,
o que ensinaram a quem amamos,
o mapa que delinearam,
as estradas que percorreram,
conhecemos essas pessoas pelas outras,
e a essa pessoa que não conheço,
mas pela outra que amo,
Grito que se soltou uma estrela, e mais uma caminhou para o infinito,
que essa nunca se perde,
porque deixou memória,
e esculpiu-se no tempo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dança da chuva


Imagem: Ramez el Said

Quando um dia está de chuva,
o que se faz para ele sorrir?

A chuva passou pelos cantos das veias infiltrou-se no peito e molha tudo,
quem a dançou fui eu,
agora a chuva de fora não conta,
as nuvens que a lançam não as vejo,
sinto somente as de dentro,
as que eu criei,
as que nasceram nos passos que dei,
as nuvens de fora são secas,
a chuva que bate na vidraça é sol,
chuva é a que molha as artérias e se solta no peito como inundação.

Hoje chove,
e quem a dançou fui eu!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Locais desconhecidos


Imagem: Kéa

Tenho saudades dos locais que não conheço, que ainda não vi!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Hoi es para ti!


Hoi es para ti,
de azul, vermelho, rosa, ou branco,
hoi es para ti,
em noites de colo, de cinema, num restaurante, em viagens ou na tua casa,
hoi es para ti,
no teu carro ou no meu, nos kms de estrada, na areia da praia, num jantar em minha casa,
hoi es para ti,
numa troca de um livro, num Cd que se grava, num concerto que se salta,
hoi es para ti,
numa palavra que nunca falta, num abraço que nos aquece, numa conversa afinada a qualquer assunto,
hoi es para ti,
num farol que encontras, na poesia onde habitas, nos mangares que ofereces,
hoi es para ti,
na criteriosa escolha do café, dos vinhos, da leitura, estás tu,
hoi es para ti, todo,
porque hoi é o teu dia.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Lugares que ficam


Imagem: RG, Beja - Agosto 2008

Há um Portugal que nos atravessa e nos faz ficar com o olhar lá marcado,
as ruas estavam praticamente vazias, os cafés suspiravam o calor,
nós caminhavámos por lá devagar como o tempo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A verdadeira trama


Imagem: Stephen Houde

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...


Como Eu Quero Viver com Você
....o Verdadeiro Amor..
que Não Se Desfaz .....!


(Vinicius de Moraes)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A casa!


Imagem: Deshaver


Há uma casa que me veste, onde eu me dispo!

Tem 4 janelas,

Uma contempla a rua onde as pessoas caminham sobre as pedras, tilintam com o frio e abrigam-se nas varandas.

A outra dá para o pátio onde os pássaros me acordam e bebem a àgua que pingam dos caleiros, no fim desse pátio há uma estufa que tem luzes laranjas à noite, onde se sentem as borboletas que vão pousando, onde a gata trepa e as tenta apanhar, por cada uma que apanha, um bigode se solta, um miar se garante e um caminhar seguro e delicado rumo ao seu quarto outra vez.

A terceira dá para o céu, onde todo o tecto tem as mesmas estrelas, deito-me no chão horas, e formo as estrelas, sinto a lua tocar-me e o sol incendeia toda a casa.

A última janela são os meus olhos, que caminham pela casa e a pintam com a minha cor, a minha casa é azul de manhã, ao almoço tem as cores dos cheiro da cozinha, das saladas colhidas, dos queijos derretidos, das laranjas espremidas, à tarde é laranja reflete-se por toda a casa o calor do fim da tarde, à noite tem todas as cores é branca onde a paz se instala, é vermelha da vida que a percorre e se espalha em cada veia e artéria, é negra quando a noite vem como um manto que a fecha.

O vento abre e fecha as trancas das janelas, penetra em cada compartimento e eleva-nos a qualquer parte.

Esta é a casa que me veste onde eu me dispo!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Regresso!


Imagem: Zambujeira do Mar, Agosto 2008

Regresso de va gar com vontade de partir,
recomeço onde ainda não estou,
sento-me onde a cadeira ainda não balança nos dias que me têm,
o chegar é nostálgico, as recordações dos tempos na areia, da água que nos salga,
das conversas tardias, do pôr do sol que nunca se põe porque ele está é em nós, fazem-me passar minutos, horas em silêncio.

Percorro a casa e vejo-me a partir sempre,
partir para onde nunca estive, para um lugar que me leve para dentro dele,
gosto de regressar aos amigos, aos jantares, aos copos de vinho partillhados,
à cama no escuro,
gosto de regressar com um pé sempre de fora.

Recomeçar, e tirar partido de tudo,
comer os frutos e deliciar-me na sombra,
encontrar as ruas vestidas com gente,
acordar ao som do despertador e esperar por um sábado, para um pequeno almoço tardio,
regresso aos cds, onde a música me acompanha,
regresso à correria dos dias,
regresso à casa que me acolhe,
mas vou sempre em ti para outro lado, onde as pernas tremam e a vista não alcance o fim.

Recomeço de va gar com vontade de partir!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O ninho do pássaro onde aterraste!





Nélson Évora voou no ninho do pássaro para um ouro, merecido!

O infinito é onde o coração nos leva!

Ergueu a nossa bandeira desde o primeiro dia e vestiu-a por dentro. «Vivi uma experiência inesquecível, ao transportar a bandeira do nosso país naquele estádio magnífico perante mais de 90 mil pessoas. Inesquecível!"

Parabéns.

O meu obrigada , este farol brilha hoje com cor de ouro na emoção, no querer, na vontade e principalmente no acreditar

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Uma ementa com gosto!




Uma noite por excelência!

Frio em Agosto,
uma praça escura onde a tela se reflectia nas caras,
uma praça viva com gente dentro,
e um filme que me levou a esquecer o meu ódio figadal aos ratos, a estes eu não fazia uma ratatouile não!

Por estas razões e outras eu adoro a minha cidade!

Um filme com todos os ingredientes em que todas as misturas se saboream a cada minuto, foi mesmo uma noite onde a ementa não falhou, só me apetecia saltar para o ecran e ficar a deliciar-me ....!!!