domingo, 23 de setembro de 2007

Outono

(Imagens:Xã em www.olhares.com)

É o Outono e os frutos caindo
iniciam a longa viagem para o esquecimento.

As maçãs caindo como grandes gotas de orvalho
a tentarem uma saída de si próprias

é tempo de ir, de dizer adeus
ao próprio corpo, de achar uma saída.

(D.H.Lawrence, excerto de A barca da Morte, in Poesia do Mundo - Março 2007)

É tempo de Outono,
do som das folhas no chão,
do vento forte a bater nas janelas,
é tempo das castanhas,
é tempo de jeropiga,
é hora do cheiro das lareiras
é tempo de cair no sofá, como as folhas....
é tempo de dias de nevoeiro no farol!

8 comentários:

lupuscanissignatus disse...

Em cada folha que cai vira-se mais uma página no livro da Terra...

Muito bonitos os dois poemas. O de D.H. Lawrence, de cariz mais metafórico e com sentidos subliminares. O teu, bem preso aos nossos costumes e tradições.

"É tempo de cair no sofá, como as folhas" :)

Anónimo disse...

É tempo de mudança!
Metamorfose da natureza que, sem pedir licença, apaga a maturidade do que floriu e fá-la cair indefesa com o sentimento de saturação pela existência.
Natureza sábia, que põe e dispõe, monta e desmonta, aquece e arrefece, ilumina e escurece, aumenta e diminui, enfim, acciona os seus mecanismos para que possamos observar o belo no seu verdadeiro esplendor.
Criatividade não lhe falta!
Tem uma feliz estação!
Assiste à metamorfose e brinda-a com uma boa gargalhada de felicidade por poderes saltar e sentir o estalar das folhas...
faz um brinde à vida pois estás a vê-la passar, de camarote.

Anónimo disse...

Ah!
Antes de cair no sofá, sente o cheiro das vides, vê as migrações de aves em bando,assiste ao cair da folha e passa-lhes por cima.
Só depois poderás regressar ao sofá, pois marcaste a tua passagem pela natureza, tendo tu também, sido sábia.

Um brinde à natureza ea Ti!

Anónimo disse...

E, para sair em grande, deixo-te um poema que adoro e que declamei, andava no 4.º ano do 1.º ciclo, numa festa de final de ano,na despedida da escola:

"Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as prais onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia
A tudo quanto existe me hei-de unir
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um ia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo

Então serei o ritmo das paisagens
A secreta abundancia dessa festa
Que eu via prometida nas imagens."

Sopha de Mello Breyner Andresen

Dalaila disse...

Olá Lupussignatus!

lindo em cada folha que cai, muda-se a página, muda-se a forma, muda.se o movimento....

Vivam as tradições se forem genuínas e verdadeiras.

:)

Dalaila disse...

Olá Just a Friend!
Vou "metaformearme" no Outono, vou cobrir-me de folhas, vou sopra-las, vou numa corda com as aves, solto-me no rio, desco até ao mar, sinto a cor laranja do sol, abro os braços, e o vento atira-me para o sofá. Aí deityo-me e delicio-me com o poema que partilhas, eu gosto muito da Sophia

Aí também eu serei o ritmo das passagens.
Aí suspirarei pelo cachecol, ai delicio-me com o frio...

"Metamorfose da natureza que, sem pedir licença, apaga a maturidade do que floriu" - LINDO MOMENTO TEU.

Cometa 2000 disse...

uma belíssima entrada no outono...

:)

Dalaila disse...

Olá Cometa!

E assim se começa...