sábado, 2 de junho de 2007

Rosa branca ao peito


Rosa branca ao peito
Teu corpinho adolescente cheira a princípio do mundo.
Ainda está por soprar a brisa que há-de agitar a tua seara.
Ainda está por romper a seara que há-de rasgar o teu solo fecundo.
Ainda está por arrotear o solo que há-de sorver a água clara.
Ainda está por ascender a nuvem que há-de chover a tua chuva.
Ainda está por arder o sol que há-de evaporar a água da tua nuvem.

Mas tudo te espera desde o princípio do mundo:
a doce brisa, a verde seara, o solo fecundo.
Tudo te espera desde o princípio de tudo:
a água clara, a fofa nuvem, o sol agudo.

Tu sabes, tu sabes tudo.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo
que desde o princípio do mundo sabem tudo.
O teu cabelo sabe que há-de crescer
e que há-de ser louro.
As tuas lágrimas sabem que hão-de correr
nas horas de choro
Os teus peitos sabem que hão-de estremecer
no dia do riso.
O teu rosto sabe que há-de enrubescer
quando for preciso.

Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo.
A tua inocência sabe tudo.

(António Gedeão)

Porque o lês, porque continuo a ouvir-te...
Sempre me dedicado, porque tenho eu que ouvir-te??
A Rosa Branca fura o meu peito,
quem perceberá essa dor,
saberei eu tudo desde o príncipio do Mundo,
será que alguém ouve a dor do meu silêncio,
senão tu caderno negro,
cúmplice do sorriso, e do choro,
porque não me falas,
porque não te resumes a mim,
eu que dou asas a tudo e que te escrevo,
e tu meu caderno escreves-te em mim todos os dias
e eu visto-te por dentro

2 comentários:

Anónimo disse...

"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar.
(...)
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
(...)
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar"

A Gente Vai Continuar de Jorge Palma

Dalaila disse...

Já tirei a mão do queixo.
A sensação da estrada, dos ventos e dos mares, que vão sempre continuar e nunca parar, também é o meu lema, mas há algumas estradas que de momento não estão abertas, que não as quero abrir, estou bem, na minha procura de mim... em tudo. Mas há saudades que nem o tempo apagará.
Bj amiga