Imagens: Sophie Thouvenin / ?
Hei-de um dia plantar uma cerejeira,
daí todos os frutos serão dois,
unidos,
vermelhos, amadurecidos,
presos apenas,
pela arte de terem
nascido juntos,
aí sim,
poderei deitar-me
dormir, enroscar-me
na terra onde nasci...
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Les Chansons d'amour
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Há absurdos que viram noticia
Imagem: http://jn.sapo.pt/
Não acho normal, mas é uma forma de publicidade, barata...
Sentada ao balcão de uma cervejaria com amigos, partilhavamos histórias, até que de repente o JN caiu das mãos de alguém, e eu fiquei minutos a olhar para a capa, sim para a capa...não sabia se era algum novo WC para mulheres, ou lá o que era.
Mas rapidamente tudo se vislumbrou... e como é óbvio gargalhada geral....
Um dos temas da capa do JN de domingo, era que o Shopping de S. João da Madeira tem 4 lugares de estacionamento, cor de rosa, avantajados para mulheres.... mais largos que qualquer outros.... diz o responsável que é uma delicadeza para as senhoras....
Não acho normal... absurdo total... ridiculo!
Pensarão eles que as mulheres agoram andam de limousine, camião tir não, porque não cabia!!!!!
Não acho normal, mas é uma forma de publicidade, barata...
Sentada ao balcão de uma cervejaria com amigos, partilhavamos histórias, até que de repente o JN caiu das mãos de alguém, e eu fiquei minutos a olhar para a capa, sim para a capa...não sabia se era algum novo WC para mulheres, ou lá o que era.
Mas rapidamente tudo se vislumbrou... e como é óbvio gargalhada geral....
Um dos temas da capa do JN de domingo, era que o Shopping de S. João da Madeira tem 4 lugares de estacionamento, cor de rosa, avantajados para mulheres.... mais largos que qualquer outros.... diz o responsável que é uma delicadeza para as senhoras....
Não acho normal... absurdo total... ridiculo!
Pensarão eles que as mulheres agoram andam de limousine, camião tir não, porque não cabia!!!!!
domingo, 28 de outubro de 2007
Arte poética
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
A única verdade absoluta
Imagem: Bradley Parrish roubado neste rasto
As pessoas quando sentem
fazem-no com o coração
é no trajecto p’ra cabeça
que se perde a informação
(João Negreiros in o Cheiro da Sombra das Flores)
As pessoas quando sentem
fazem-no com o coração
é no trajecto p’ra cabeça
que se perde a informação
(João Negreiros in o Cheiro da Sombra das Flores)
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
terça-feira, 23 de outubro de 2007
O olhar
Imagem: Miguel Pereira em www.olhares.com
Para onde me leva olhar, para onde,
para onde não quero ir,
para onde as pernas tremem, o sorriso estampa,
mas para onde não quero ir,
para onde os suores são quentes,
a alma é grande,
mas para onde não quero ir...
os prados ficam verdes,
as tulipas florescem,
os girassóis giram, giram, giram,
mas para onde não quero ir,
as estradas, tornam-se longas avenidas de malmequeres,
o céu passa para brilhar a estrada,
as estrelas encandeiam a noite,
mas para onde não quero ir,
a àrvore cresce, as janelas têm pingos, os livros andam,
o chão treme, mexe e salta,
mas para onde não quero ir,
os gatos saltam, arranham, ronronam,
mas para onde não quero ir,
as luzes das cidades brilham nos edificios,
as cortinas das casas mostram sombras de luzes amarelas no seu interior,
os quadros têm cor, a música é sonante,
mas para onde não quero ir,
mas vou...
o olhar brilha, o coração treme,
a pele estremece, os cabelos voam,
o sorriso aparece, e os lábios ficam vermelhos,
porque eu quero ir, mas não vou...
Para onde me leva olhar, para onde,
para onde não quero ir,
para onde as pernas tremem, o sorriso estampa,
mas para onde não quero ir,
para onde os suores são quentes,
a alma é grande,
mas para onde não quero ir...
os prados ficam verdes,
as tulipas florescem,
os girassóis giram, giram, giram,
mas para onde não quero ir,
as estradas, tornam-se longas avenidas de malmequeres,
o céu passa para brilhar a estrada,
as estrelas encandeiam a noite,
mas para onde não quero ir,
a àrvore cresce, as janelas têm pingos, os livros andam,
o chão treme, mexe e salta,
mas para onde não quero ir,
os gatos saltam, arranham, ronronam,
mas para onde não quero ir,
as luzes das cidades brilham nos edificios,
as cortinas das casas mostram sombras de luzes amarelas no seu interior,
os quadros têm cor, a música é sonante,
mas para onde não quero ir,
mas vou...
o olhar brilha, o coração treme,
a pele estremece, os cabelos voam,
o sorriso aparece, e os lábios ficam vermelhos,
porque eu quero ir, mas não vou...
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Mude
(Imagens: Ellen Kooi)
Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente, observando com atenção
os lugares por onde
você passa.
Não faça do hábito um estilo de vida.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !
(Excerto de Mude de Edson Marques)
Eu mudo, eu movimento-me, conheço pessoas novas,
visto cores diferentes,
aceito um livro que não conheça,
uma realidade que me transporta,
um dia na sala,
outro onde o dia me puder levar...
Mude-se, mude-se...
e quando nos mudarmos, mude-se outra vez.
domingo, 21 de outubro de 2007
Envelhecer
Imagem: Blunfision
Quanto mais envelhecia,
quanto mais insípidas me pareciam
as pequenas satisfações que a vida me dava,
tanto mais claramente compreendia
onde eu deveria procurar a fonte
das alegrias da vida.
Aprendi que ser amado não é nada,
enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada,
o poder não era nada.
Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder,
e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos,
infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim.
Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver
e havia sadios que definhavam angustiados
pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.
(Herman Hesse)
E que assim se ame, com vontade de sempre mais,
sentir a felicidade máxima porque se ama...
mas não o amor só a alguém,
ame-se tudo aquilo que se faz,
para que dê vontade de repetir mais e mais...
quanto mais insípidas me pareciam
as pequenas satisfações que a vida me dava,
tanto mais claramente compreendia
onde eu deveria procurar a fonte
das alegrias da vida.
Aprendi que ser amado não é nada,
enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada,
o poder não era nada.
Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder,
e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos,
infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim.
Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver
e havia sadios que definhavam angustiados
pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.
(Herman Hesse)
E que assim se ame, com vontade de sempre mais,
sentir a felicidade máxima porque se ama...
mas não o amor só a alguém,
ame-se tudo aquilo que se faz,
para que dê vontade de repetir mais e mais...
O amor não quer possuir..... esta dá pano para mangas....
O que te faz amar?
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Deitada
Imagem: Ellen Kooi
Deitada...
deitada porquê?
porque te deitas tu,
menina dos olhos verdes...
Esperas?
Descansas?
Ou simplemesmente não te levantas?
caminhas num filme animado,
dentro de ti vejo andar-te,
olho para ti e tu bailas na floresta
sentes a música e pulas
lês o livro e arrepias-te
se tens tudo isso porque te deitas,
e não entras na tela animada
onde efectivamente respiras.
Deitada...
deitada porquê?
porque te deitas tu,
menina dos olhos verdes...
Esperas?
Descansas?
Ou simplemesmente não te levantas?
caminhas num filme animado,
dentro de ti vejo andar-te,
olho para ti e tu bailas na floresta
sentes a música e pulas
lês o livro e arrepias-te
se tens tudo isso porque te deitas,
e não entras na tela animada
onde efectivamente respiras.
E tudo mudou
Imagem: La Dolce Vita de Fellini
E tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças
(Luis Fernando Verissimo)
E tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças
(Luis Fernando Verissimo)
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
árvores - umbrellas
terça-feira, 16 de outubro de 2007
O Quarto
Imagem: David Leahy
Esta noite todos os quartos estão frios.
Entra pelas janelas a verdadeira imobilidade das árvores.
Em volta, nas paredes escurecidas, a infância mais antiga.
Um homem dissipa-se subitamente contra o luar.
Esse é o gesto que faz morrer os campos.
É o mesmo gesto que levanta um amor mútuo,
uma tontura de corpos atirados para uma
morada extrema.
Aqui se conhece o elo que une a terra
e as mãos e o sonho animal.
Porque o círculo das vozes é uma gravidez poderosa.
E há sempre vozes no interior das paredes,
subindo das fundações,
inchando toda a casa.
Em cada quarto um ser procura a presença do seu próprio rosto.
(Vasco Gato)
Esta noite todos os quartos estão frios.
Entra pelas janelas a verdadeira imobilidade das árvores.
Em volta, nas paredes escurecidas, a infância mais antiga.
Um homem dissipa-se subitamente contra o luar.
Esse é o gesto que faz morrer os campos.
É o mesmo gesto que levanta um amor mútuo,
uma tontura de corpos atirados para uma
morada extrema.
Aqui se conhece o elo que une a terra
e as mãos e o sonho animal.
Porque o círculo das vozes é uma gravidez poderosa.
E há sempre vozes no interior das paredes,
subindo das fundações,
inchando toda a casa.
Em cada quarto um ser procura a presença do seu próprio rosto.
(Vasco Gato)
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Eterno
domingo, 14 de outubro de 2007
Quem és tu?
Imagens: Kea
Quem és tu que danças descalço na noite escura?
Ouves os gemidos que o vento traz? No sussurro das árvores, na fonte onde corre um fio de água, no lago onde a lua se reflecte, ecoam gritos distantes....
Ouves?
Caminhas sobre fogo. Incendeias as searas. Deitas-te no chão com um sorriso de criança, embalada pelo crepitar das plantas que ardem.
Nunca paras. Nunca te deténs. Nunca olhas para trás, só vês em frente um caminho interminável.
Quem és tu que, no crepúsculo de chumbo baço, uiva de dor?
(pedaços de texto de Miguel Sousa Tavares in não te deixarei morrer David Crockett)
Quem és tu que danças descalço na noite escura?
Ouves os gemidos que o vento traz? No sussurro das árvores, na fonte onde corre um fio de água, no lago onde a lua se reflecte, ecoam gritos distantes....
Ouves?
Caminhas sobre fogo. Incendeias as searas. Deitas-te no chão com um sorriso de criança, embalada pelo crepitar das plantas que ardem.
Nunca paras. Nunca te deténs. Nunca olhas para trás, só vês em frente um caminho interminável.
Quem és tu que, no crepúsculo de chumbo baço, uiva de dor?
(pedaços de texto de Miguel Sousa Tavares in não te deixarei morrer David Crockett)
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
A vida!
Imagem: Orca Ruga Bin
A vida, não tentes compreendê-la,
e então ela será como uma festa.
E que cada dia te aconteça
como a uma criança que, ao caminhar,
de cada sopro de vento
vai recebendo presentes de flores.
Apanhá-las e guardá-las,
nem nisso pensa a criança.
Tira-as devagar do cabelo
onde se sentiam tão bem,
e estende as mãos aos jovens anos
para receber novas flores.
(Rainer Maria Rilke)
A vida, não tentes compreendê-la,
e então ela será como uma festa.
E que cada dia te aconteça
como a uma criança que, ao caminhar,
de cada sopro de vento
vai recebendo presentes de flores.
Apanhá-las e guardá-las,
nem nisso pensa a criança.
Tira-as devagar do cabelo
onde se sentiam tão bem,
e estende as mãos aos jovens anos
para receber novas flores.
(Rainer Maria Rilke)
Release the stars
Depois de albuns como Poses, Want one, Want two, Rufus Wainwright, lançou o seu último album Release the stars, num registo mais apurado, mais amadurecido, mais expandido a outras musicalidades, a outros instrumentos, a outros estilos e texturas, sempre com resultados muito próprios, muito individuais.
É mais um album divinal, muito longe do trivial, muito longe do que se ouve normalmente.
Já o vi duas vezes ao vivo, a primeira vez no Coliseu dos Recreios fez a primeira parte dos Keane, onde o próprio vocalista dizia-se fã incondicional de Rufus, e outra no Coliseu no Porto, onde escassas pessoas estavam presentes, mas ainda assim, ela deu o máximo e brindou-nos com um concerto magnífico, sempre muito conversador, arranca sempre o melhor de si, nos concertos, na voz, nos instrumentos, tudo é música.
E mais uma vez o bilhete já está comprado, para o dia 6 de Novembro, onde ele volta ao Coliseu dos Recreios.
Para quem gosta, é imperdível. Para quem não conhece, aconselho vivamente todos os albuns, cada um com o seu mistérios, o seu toque, a sua diferença.
E nem que todas as estrelas, se libertem, se soltem, se unam eu estarei lá para ouvi-lo e subir numa corda à estrela da música que me faz voar.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
amor...
Imagem: AnIa Bystrowka
O amor, quanto menos reflectimos sobre ele, mais ele parece explicar-se por si mesmo;
O verdadeiro amor? é uma espécie de embriaguez, sem dúvida. É uma loucura, com certeza. Mas será a mais nobre embriaguez que pode existir? Será uma loucura que, inspirada pelo divino, conduz ao divino? não é fácil acreditar nisso.
(Sobre o amor e a morte - Patrick Süskind, Novembro 2006)
Noutros tempos
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Cidade onde nasci
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Chuva - Lluvia
Há chuva que não se vê, mas sente-se,
cobrimo-nos dela e ela não escorre pelo chão
Há chuva que nos espelha,
e não sabemos onde?
Se é a sombra ou se somos nós, salpicados pelo chão molhado.
Há chuva vista pela janela do meu quarto, onde os pingos escorrem pela mão branca.
Lá fora a cor está a guardar os cabelos e os olhares da chuva que cai.
hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor
(...)
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca
palabras que naufragan
palabras que no saben que hay sol porque nacen y mueren la misma noche en que amó
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá
como el silencio que hay entre dos rosas
o como yo
que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia
a la lluvia
a mi corazón desterrado
(Juan Gelman - Buenos Aires)
Imagens: (R. Gonçalves, Nunes de Freitas, Alba Luna em ww.olhares.com)
cobrimo-nos dela e ela não escorre pelo chão
Há chuva que nos espelha,
e não sabemos onde?
Se é a sombra ou se somos nós, salpicados pelo chão molhado.
Há chuva vista pela janela do meu quarto, onde os pingos escorrem pela mão branca.
Lá fora a cor está a guardar os cabelos e os olhares da chuva que cai.
hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor
(...)
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca
palabras que naufragan
palabras que no saben que hay sol porque nacen y mueren la misma noche en que amó
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá
como el silencio que hay entre dos rosas
o como yo
que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia
a la lluvia
a mi corazón desterrado
(Juan Gelman - Buenos Aires)
Imagens: (R. Gonçalves, Nunes de Freitas, Alba Luna em ww.olhares.com)
domingo, 7 de outubro de 2007
sábado, 6 de outubro de 2007
Adeus cortinados!
Imagem: 6 de Outubro
Pois é, lá se vão os cortinados...
os sofás também não vão escapar, as carpetes são deliciosas para afiar as unhas,
as minhas bolinhas de neve, vou ter que as colocar no "tecto", mas é por uma excelente razão, isto tudo porque a minha casa ganhou uma nova personagem.... tem quatro patas, pêlo, e é linda!
A gata!
Decidi-me finalmente....
Andei uma semana para lhe dar o nome, até que o meu amigo Paulo A. me mandou na versão original este poema que adorei... e percebi-o!!!!
Dar nome aos gatos é uma questão difícil,
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido
Quando vos digo que um gato deve ter TRÊS DIFERENTES NOMES
Antes de mais nada, há o nome que a família emprega diariamente,
Tal como Peter, Augustus, Alonzo ou James,
Tal como Victor ou Jonathan, George ou Bill Bailey –
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia se achais que soam melhor,
Alguns para cavalheiros, alguns para as damas:
Tais como Plato, Admetus, Electra, Demeter –
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu, um gato precisa de um nome que seja particular,
Um nome que seja peculiar, e mais dignificado,
Senão, como pode ele manter a cauda perpendicular,
Ou estender os bigodes, ou encarecer o orgulho?
De nomes desta espécie dou-vos um quórum,
Tais como Muskustrap, Quaxo ou Coripat,
Tais como Bombalurina, ou então Jellylorum –
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas, mais acima e mais além, falta ainda outro nome,
E esse é o nome que jamais adivinhareis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas o PRÓPRIO GATO sabe-o, e nunca confessará.
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão, digo-vos eu, é sempre a mesma:
O seu espírito está em ávida contemplação
Do pensamento, do pensamento, do pensamento do seu nome:
Do seu inefável efável
Efanifável
Profundo e incontável singular Nome.
(T. S. Elliot Tradução: João Luís Barreto Guimarães
In "Assinar a Pele" (antologia de poesia contemporânea sobre gatos))
Mas é verdade a minha gata já tem nome.... Rufa ficará.
os sofás também não vão escapar, as carpetes são deliciosas para afiar as unhas,
as minhas bolinhas de neve, vou ter que as colocar no "tecto", mas é por uma excelente razão, isto tudo porque a minha casa ganhou uma nova personagem.... tem quatro patas, pêlo, e é linda!
A gata!
Decidi-me finalmente....
Andei uma semana para lhe dar o nome, até que o meu amigo Paulo A. me mandou na versão original este poema que adorei... e percebi-o!!!!
Dar nome aos gatos é uma questão difícil,
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido
Quando vos digo que um gato deve ter TRÊS DIFERENTES NOMES
Antes de mais nada, há o nome que a família emprega diariamente,
Tal como Peter, Augustus, Alonzo ou James,
Tal como Victor ou Jonathan, George ou Bill Bailey –
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia se achais que soam melhor,
Alguns para cavalheiros, alguns para as damas:
Tais como Plato, Admetus, Electra, Demeter –
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu, um gato precisa de um nome que seja particular,
Um nome que seja peculiar, e mais dignificado,
Senão, como pode ele manter a cauda perpendicular,
Ou estender os bigodes, ou encarecer o orgulho?
De nomes desta espécie dou-vos um quórum,
Tais como Muskustrap, Quaxo ou Coripat,
Tais como Bombalurina, ou então Jellylorum –
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas, mais acima e mais além, falta ainda outro nome,
E esse é o nome que jamais adivinhareis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas o PRÓPRIO GATO sabe-o, e nunca confessará.
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão, digo-vos eu, é sempre a mesma:
O seu espírito está em ávida contemplação
Do pensamento, do pensamento, do pensamento do seu nome:
Do seu inefável efável
Efanifável
Profundo e incontável singular Nome.
(T. S. Elliot Tradução: João Luís Barreto Guimarães
In "Assinar a Pele" (antologia de poesia contemporânea sobre gatos))
Mas é verdade a minha gata já tem nome.... Rufa ficará.
Mais todos os outros que vou chamando durante o dia e conforme as asneiras que ela for fazendo...
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Esta minha cidade
Imagem: Alberto Guedes em http://www.olhares.com/
Em dias de nevoeiro...
Limpo as nuvens a caminho da minha cidade,
não aquela onde nasci,
mas aquela que adoptei para minha mãe, irmã, amiga,
esta cidade que me veste por dentro, que vivo nela, mesmo longe,
que tem fachadas que falam, que tem gente fiel e verdadeira,
pintada em tons de cinzento, tem cor todo o ano.
Não é fácil, não se dá ao primeiro piscar, não se deita sobre ti, apenas com um olhar, mas abraça-te para a vida, mete-te no coração, bombeia-te na vida, e faz-te caminhar.
Eu amo esta cidade, com tudo o que ela tem, é um vício, é o meu equilíbrio, cobre-me em manto e vive lá o meu farol, na foz velha que desperta todas as manhãs.
Esta cidade pulsa, tem odor, tem sabor, vive num granito, passeio-me pelas pedras, corro-as de lés a lés e quanto mais a conheço mais a amo, mais a sinto como minha, mais a sinto como eu... vivia nesta cidade toda a minha vida... comungava-me com ela todas as manhãs, bebia o seu cálice à tarde e despia-me nela à noite.
Esta cidade, que a adoptei como minha, faz-me mulher, e com ela me pinto de azul e branco.
Esta cidade esta minha cidade, onde quero deitar-me, e sentir o sal da vida, e estender-me no mar quando já não tiver vida.
Limpo as nuvens a caminho da minha cidade,
não aquela onde nasci,
mas aquela que adoptei para minha mãe, irmã, amiga,
esta cidade que me veste por dentro, que vivo nela, mesmo longe,
que tem fachadas que falam, que tem gente fiel e verdadeira,
pintada em tons de cinzento, tem cor todo o ano.
Não é fácil, não se dá ao primeiro piscar, não se deita sobre ti, apenas com um olhar, mas abraça-te para a vida, mete-te no coração, bombeia-te na vida, e faz-te caminhar.
Eu amo esta cidade, com tudo o que ela tem, é um vício, é o meu equilíbrio, cobre-me em manto e vive lá o meu farol, na foz velha que desperta todas as manhãs.
Esta cidade pulsa, tem odor, tem sabor, vive num granito, passeio-me pelas pedras, corro-as de lés a lés e quanto mais a conheço mais a amo, mais a sinto como minha, mais a sinto como eu... vivia nesta cidade toda a minha vida... comungava-me com ela todas as manhãs, bebia o seu cálice à tarde e despia-me nela à noite.
Esta cidade, que a adoptei como minha, faz-me mulher, e com ela me pinto de azul e branco.
Esta cidade esta minha cidade, onde quero deitar-me, e sentir o sal da vida, e estender-me no mar quando já não tiver vida.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Cinzentos
Imagem. F. Monteiro em ww.olhares.com
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O Leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
(Eugénio de Andrade)
Há dias assim, cinzentos, por dentro...
onde o caminho não se vê,
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O Leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
(Eugénio de Andrade)
Há dias assim, cinzentos, por dentro...
onde o caminho não se vê,
os bancos estão ausentes
e a luz discreta...
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Manhã
Imagem: Budapeste, 1 janeiro 2006
Guarda a manhã
Tudo o mais se pode tresmalhar
Porque tu és o meio da manhã
O ponto mais alto da luz
Em explosão
(Daniel Faria de Explicação das Árvores e de Outros Animais 1998)
(A minha querida Maria Viene lembrou-me num dos seus posts, este fabuloso poeta, assim não guardo para amanhã...)
Guarda a manhã
Tudo o mais se pode tresmalhar
Porque tu és o meio da manhã
O ponto mais alto da luz
Em explosão
(Daniel Faria de Explicação das Árvores e de Outros Animais 1998)
(A minha querida Maria Viene lembrou-me num dos seus posts, este fabuloso poeta, assim não guardo para amanhã...)
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Música!
A música para mim são todas as 24 horas do meu dia, todos os minutos e dias do ano, percorro-a, repito-a, alimento-me...
Eu vivo dentro da música.
.Eu sou aficcionada ando, procuro, rastejo por uma boa melodia, uma grande voz, um concerto que me derrote de cansaço das sensações que imprime.
As capas...
Quando iniciei a ter gosto pela música, a ter um conceito diferente desta, a sentir que podia viajar naqueles objectos redondos, a felicidade a comprar um LP ou CD, que pouco depois derretia no meu ouvido.
Deparava-me com situações, dado que ainda mal conhecia os grupos, numa procura louca nas enormes estantes da Fnac, ou de outra discoteca qualquer, carbono, valentim de carvalho até às mais intimistas, até que comecei a associar que muitas vezes a sonoridade era lançada pela capa.
Questionava-me como encontrei este prodígio musical, porque peguei neste e não no outro??
Mas isto é como o amor, cai-nos nas mãos, e não nos queremos largar mais dele, sim apaixonei-me pelas capas, estas muitas vezes revelam, são autênticas fotografias dos interiores, é preciso é ter capacidade para olha-las!!!
As capas, a estética, o design, o bom gosto, não pode ser completamente alheio ao interior, mas não é a beleza fácil, mas pura que conjugado com o nosso estado de espírito, faz-nos voar por entre as letras.
Raramente falha!!!
Ter capacidade de olhar para a capa e ver para lá, sentir a música, é algo único e maravilhoso.
A música conduz-me para viagens inesqueciveis na minha vida, algo que me lembro com o maior sorriso.
A música é como as cidades, melhora quando não é facil, não se sente à primeira, temos que a descobrir, em cada canto,
transporta-nos, às vezes é sombria, às vezes enigmática outras até arrogante, mas depois só dá vontade de a devorar.
A música é o meu porto, o meu abrigo, a minha companhia, a alegria, o amor.
Há músicas que queremos ouvir, sentir, repetir, sentir por dentro e por fora, que não é imediata, que não nos é introduzida nem injectada todos os dias pela rádio, pelas vozes e pela parede do vizinho...
é aquela que tem imaginário, que dançamos em silêncio sentada no sofá, ou que nos faz sair de dentro de nós abrir os braços e agarra-la em cada som.
Eu vivo dentro da música,
o meu olhar
torna-se diferente!
E tu?
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