sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Farol até ao novo ano!


Imagem roubada neste belíssimo cometa

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.


(O Sonho de Sebastião da Gama)

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Um Feliz Ano de 2008!

com os ventos de brisa ou mudança,
com a luz do farol que ilumina nas noites escuras,
e recebe a claridade do dia.

____________________que sejamos sempre nós, em nós e nos outros!

Até Janeiro

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

As frases.... arrepiam.....

Estas frases que vos deixei para final de ano, são de alguns comentários que me foram deixando, retirei os nomes, porque isso não é importante, mas são frases que nos fazem pensar,
abraçam-nos e tocam-nos como se fossem dedos...

Obrigada a todos.... sempre
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O que importa é partir...seja lá para onde for!

Escrever é o espelho da alma a reflectir na ponta da pena!

Mas vive intensamente quem na morte lenta procura, com fome, o pão que alimenta a vida: o amor.

abrir janelas sim. essas que vão ao interior. que deixam a verdadeira música chegar.

A luz da poesia alimenta a seiva que escorre pelo tronco da vida.

Soletrar o dia pode ser talhá-lo, como quem saboreia uma verde maçã...:)

Que seria do farol se o mar fosse indefinidamente manso?
Que seria do vento se a sua força fosse permanentemente alísea?

...a cores
inventadas
embaladas
nos olhos...

Vive cada dia como se fosse o último. Um dia acertas...

tudo se move
assim como o pensamento
nunca sabe de onde vem para onde vai ....
somos o que somos aqui e agora,
nada mais...

É infinita a beleza de certas palavras...

Nunca guardes para amanhã um poeta que podes ler hoje!

As manhãs são sempre o nascer do dia o princípio da obra, a luz que nos chama.

noutros tempos
éramos nós
e vivíamos.

Quando os dias são assim, cinzentos, por dentro, é reconfortante sentirmos que podemos SEMPRE dar o braço a alguém

E o coração bate e bate e fica apertado... parece que dói... mas dizem que o coração não dói???...

A viagem do corpo tem sempre bilhete de ida e de volta - é uma encruzilhada de memórias!

O amor para além das palavras e a entrega para além dos desejos. Um porto de abrigo que se oferece.

E essas vozes no interior das paredes que não me deixam adormecer...calem-se!

Luz, é tempo!


É tempo de luz,

é tempo de reflexão,

é tempo de descanso,

é tempo das velas arderem até ao fim,

é tempo de todos.



Uma vela acesa numa sala quente, olha-se de fora e dá vontade de entrar....

domingo, 23 de dezembro de 2007

É tempo!


Imagem: Moyperes

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.


(David Mourão Ferreira)


É Natal,
adoro o Natal,
sentir as luzes da árvore no peito,
andar nas ruas, percorrê-las, sentir o calor humano,
abraçar os meus amigos,
partilhar sorrisos e surpresas,
reunir-me com a minha familia, pequenina mas fantástica.

Desejo a todos um Feliz Natal,
espero que todos tenham um Natal com afectos, o resto não interessa!

E cada um de nós que não se esqueça de todos os que podem precisar de Natal, de um
afecto, de uma palavra...............


a generosidade de dentro....


........ não nos esqueçamos de partilhar abraços.....

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Mais perto

Imagem: Krzysztof Lisiak


Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?


(excerto de Carlos Drummond de Andrade, Procura da poesia)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O dia que se deita.

Imagem: as revistas, o chocolate a música e os filmes



deito-me na carpete percorro o chão, as malhas que se unem,
as cores que se encontram quando a lareira se acende,
a música que entra no peito nos CDs que percorro com os dedos,
os filmes que se marcam,
as revistas que nos levam para outras estradas,
e o chocolate que se derrete


... a tarde passa, voa.... o dia deita-se comigo!

A Tristeza

Imagens: Daniel Egnéus

A tristeza é uma irmã mais velha
que vive no quarto dos fundos_________ dos bolsos
sempre que não tenho trocos para lhe comprar uma cama de hotel
para poder vê-la feliz

as calças estão para lavar
as moedas tocam tambor
ou o leito de um rio que fica entre as almofadas do sofá

mana
vai-te embora que tenho saudades do meu quarto
quero dormir na minha cama

sabes
o sofá da sala tem um vale que me afunda as costas

mana
vá lá
pinta-te_________ sai à rua e arranja namorado

e tristeza partiu mesmo antes da morte chegar
o meu quarto está vazio __________ para sempre

(João Negreiros in o Cheiro da Sombra das Flores)

domingo, 16 de dezembro de 2007

As linhas

Imagem:Leszek Kowalski


Percorro o verde onde dantes,
se sentia a terra a vibrar,
quando o comboio
trazia gente...

As linhas que nos unem,
que se traçam nos caminhos,
e que se fudem no tempo!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Estou por aqui




Imagens:roubadas aqui

O trabalho trouxe-me até aqui, onde vou passar uns dias.´
Não, não são férias não... mas vale sempre a pena...

Aranjuez é uma pequena cidade perto de Madrid e junto a Toledo.

O Palácio de Aranjuez, residência de Primavera dos monarcas espanhóis desde o tempo de Filipe II, foi remodelado e ampliado no século XVIII, por Filipe V e está situado na Vila de Aranjuez, (Comunidade de Madrid) junto às margens do Rio Tejo.

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Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

(...)

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.


(Fernando Pessoa)

Saibamos então fazer alguma coisa da nossa vida, e em tudo, arrancar tudo!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Às 3.30 da manhã

Imagem: Sophie Thouvenin


Às 3.30 da manhã a cidade sentia
o pulsar dos aromas nocturnos.

Às 3.30 da manhã,
a chuva sentia-se nos corpos,
Às 3.30 da manhã,
a cidade ainda bulia,
Às 3.30 da manhã,
as portas dos cafés fechavam-se nas minhas costas,
Às 3.30 da manhã,
os ponteiros andavam,
a fome apertava,
e a chuva continuava a cair.

Às 3.30 da manhã,
abrem-se os subterrâneos da cidade,
locais escondidos de portas fechadas,
onde um toque na campainha nos transporta para outro cenário,
outro filme,
outra dimensão.
As escadas descem-se, onde o olfacto sente os aromas do real "undreground".

Há mesas vazias, outras despidas,
outras cheias,
onde se jogam às cartas,
onde a conversa se eleva e se baixa, ao som de quem entra,
descobrem-se feições,
caras marcadas de vida,
caras marcadas de gente.

Para lá do balcão,
há uma senhora que cozinha:
tripas, massa à lavrador, rojões ou cabrito...

Às 3.30 da manhã,
o vermelho do vinho aquece os corpos da chuva,
o tecto enche-se com o fumo que escapa das bocas,
as conversas embrulham-se no aroma,
e tornam-se mais lentas, mais breves e mais ou menos reais.

As cadeiras vão-se preenchendo a cada passo, onde o subterrâneo se torna o local de destino, das ruas da cidade.

A conversa da minha mesa,
estava quente,
os brindes aqueciam os dedos,
o tinto acalentava a alma,
o tacho queimava as mãos menos resistentes,
o encanto daquele espaço, daquela noite vibrava as horas que voavam no pulso.

No final da conversa retive: a imagem da cara, do espaço, da gente, e a frase que ecoou no barulho da noite:

" Mais vale ir sempre a jogo, sem objectivo de ganhar, ir pelo prazer de se estar"

E com este ir,
e com este estar,
eu quero voltar
às 3.30 da manhã,
ao "underground" de gente, de sabores,
da minha cidade, onde lá fora a chuva continuava a cair.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

As patas que escrevem

Imagem: Andrea Anghel

Que fazer por aqui,ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avançar, cauto,
meio agastado é sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredo,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

(Alexandre O`Neill)

Obrigada Rachel, pelo envio deste maravilhoso poema que anda....

A famosa Quirche


Eu queria saber como se fazia.

Já tinha provado no tecto do quarto dela, muitas vezes,
os seus maravilhosos petiscos,
os seus verdadeiros manjares,
até que um dia a correr, cheia de pressa,
onde eram preciso fazer duas para levar para a casa
do menino da mesa azul e branca,
lá fui vendo de fugida todos os ingredientes.

Aventurei-me, e voilá!

Não tão deliciosa como as da Maria Viene, mas apetitosa.

Obrigada, minha linda!
... agora os amigos é que vão ganhar com a minha nova especialidade à mesa.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

À espera

Imagem: João José em http://www.flickr.com/photos/joaojoselopes


À Espera!
espera!

esperas?


mas porque te sentas?
espera de pé,
caminha pela estrada,
apanha as folhas,
solta-te,
sente o chão,
sente o frio,


mas levanta-te,
não esperes sentado,
vive o segundo,
ergue o olhar ao cheiro
da rua em silêncio,
que se esvazia na tua espera...


espera... mas não te sentes,
aí sim...


se calhar vais ver que o vento te leva a espera,
o olhar sente o acorde do violino,
que te acorda e te vai levar na corda
para te baloiçares na espera que já não é.


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Obrigada ao meu amigo João, por mais uma fotografia que me encanta sempre.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Quero-te para além das coisas justas

Imagem ?

Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandeza.
A dor não tem significado quando me roubam as árvores,
as ágatas, as águas.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas.
(Joaquim Pessoa)