domingo, 30 de setembro de 2007

luz no chão

Imagem: Bimekanik

Gosto de domingos no sofá,
de sol
que corta os pingos da chuva
e se reflecte no chão,
e se deita horas no sofá,
e se espreguiça nas paredes,
e desenha um manto de sombras na carpete.

e assim me enrosco,
espero que a noite caia,
espero a palavra do vento,
desarrumo-me na casa,
e desenrolo-me ao tempo!

À espera...

Imagem: Pedro Moreira em www.olhares.com

O meu mundo tem estado à tua espera; mas
não há flores nas jarras, nem velas sobre a mesa,
nem retratos escondidos no fundo das gavetas. Sei

que um poema se escreveria entre nós os dois, mas
não comprei o vinho, não mudei os lençóis,
não perfumei o decote do vestido.

Se ouço falar de ti, comove-me o teu nome
(mas nem pensar em suspirá-lo ao teu ouvido);
se me dizem que vens, o corpo é uma fogueira -
estalam-me brasas no peito, desvairadas, e respiro
com a violência de um incêndio; mas parto
antes de saber como seria. Não me perguntes

porque se mata o sol na lâmina dos dias
e o meu mundo continua à tua espera:
houve sempre coisas de esguelha nas paisagens
e amores imperfeitos - Deus tem as mãos grandes.

(Maria do Rosário Pedreira - O canto do vento nos ciprestes, 2002)

sábado, 29 de setembro de 2007

A passagem


Imagem: Geisa Cruvinel em www.olhares.com

Foi um processo longo e difícil, como sempre o são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas.

Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos.

Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade.


É preciso saber passar por tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais difícil de atingir - os torna verdadeiramente amantes.


(excerto de A passagem de Miguel Sousa Tavares, Não te deixarei morrer David Crockett, 2001)

Poema

Imagens: B Berenika

Cada minuto é apenas um momento musical, sem memória...
E a saudade não vem de longe, é como uma cor outonal na paisagem
e muda como um poente... Não há futuro. Tudo é paisagem para os
nossos olhos calmos e líricos. Sentimos a intimidade das coisas
impossíveis

(Cristovam Pavia in o futuro em anos-luz, 2001)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Hoje!

Imagem Miguel Pereira em www.olhares.com

Se o Amanhã é longe demais

O que vamos fazer Hoje?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Poesia da vida

Imagem: Raphael o pensativo em www.olhares.com

Dos campos lembro-me das cores,
Dos animais lembro-me do gato, que saltava na janela
o leite derramava-se no fogão,
a panela fervia ao lume,
os talheres estavam na mesa,
à espera que as mãos lhe tocassem.

A árvore entrava na janela,
reflectia sombra e batia com os ramos na cama,
a roupa espalhada no chão
esperava pelo ferro,
a àgua ouvia-se lá longe
no chuveiro
onde a espuma escorria

as escadas, essas levavam à poesia da vida!

Prémio visitante


Acabei de receber do silêncio culpado: http://silencioculpado.blogspot.com/ o prémio visitante, e de amizade pela blogosfera, o intuito é que a corrente continue.

Aos meus visitantes, aos meus amigos, aos que que encontram este farol, aos que fazem o vento do norte correr, eu agradeço, e aprecio sempre as vossas visitas, porque sem vocês este farol definitivamente não iluminava com o mesmo brilho.

Mas efectivamente tenho que destacar, dos meus visitantes, alguns, quer pela presença desde sempre, pela qualidade dos comentários, e pela amizade:

o Lupussignatus http://aarquitecturadaspalavras.blogspot.com/
a Su http://sussurrosdeumalua.blogspot.com/
a Maria Vienne http://notectodomeuquarto.blogspot.com/
o K http://ondecoisaestranhanadaacontece.blogspot.com/
e a Just a Friend que não tem blog, mas corre sempre nesta ventania.

Obrigada a todos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sonho das memórias

Imagem: Cathy Delanssay

Todos os olhos,
todos os sentidos,
todos os cantos,
todos os choros,
todos os sorrisos,
todas as emoções,
vivem nesse lugar...

Onde não existimos,

mas onde estamos
onde nos multiplicamos
onde penetramos
no sonho das memórias.

Os amantes com casa

Imagem: Paulo Madeira em http://www.olhares.com/

Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes,
no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até
ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.

(Joaquim Pessoa in 125 poemas)

Os amantes terão casa?
Ou serão eles a casa?
A voz dos amantes ecoa....
Os amantes passam a um só,
E assim... se moldam nas paredes...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Há Liberdade????

No dia 28 de Setembro IA abrir, a Casa do Futebol Clube do Porto em Guimarães,
digo ia, porque houve um comunicado do FCP, ontem, a referir que nãocondições para tal inauguração....

Alguns, mas acredito que só mesmo alguns..., "vitorianos" instalaram a polémica da abertura da casa, não só por ser do Porto, poderia ser por outro qualquer....
Dizem Eles Guimarães não foi conquistado pelos mouros muito menos por tripeiros....
Houve ataques à futura casa, bombas caseiras, pinturas, actos de vandalismo, correm mails a pressionar e a ameaçar os dirigentes da casa....

E, o mais fantástico, é que a pressão funcionou!!!!!!!!!!!!!

A CASA NÃO VAI ABRIR!!

É, este o Berço? é esta a minha terra??

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Que cor tens?


A estrada era branca e vermelha...


A casa era em pedra...
A porta era verde,
mas fechada!
A janela ao lado da porta
era verde,
e não se via para dentro....
As escadas tinham as cores
de porta e da janela,
mas não lhe pertenciam....

A àgua transparecia
o vermelho carnal da vida
mas não se sabe aonde é....

O azul do metro,
que não competia nesta história,
fazia aparecer e desaparecer gente

E assim, me envolvi nas cores
... percorri-as todas,
pincelei-me nas paletes
e entrei na história!


E tu que cor tens?

(Imagens: Carlos Teixeira; Simão Pereira Magalhães; Neslson Alves e Jorge C. PInto em www.olhares.com)

domingo, 23 de setembro de 2007

Outono

(Imagens:Xã em www.olhares.com)

É o Outono e os frutos caindo
iniciam a longa viagem para o esquecimento.

As maçãs caindo como grandes gotas de orvalho
a tentarem uma saída de si próprias

é tempo de ir, de dizer adeus
ao próprio corpo, de achar uma saída.

(D.H.Lawrence, excerto de A barca da Morte, in Poesia do Mundo - Março 2007)

É tempo de Outono,
do som das folhas no chão,
do vento forte a bater nas janelas,
é tempo das castanhas,
é tempo de jeropiga,
é hora do cheiro das lareiras
é tempo de cair no sofá, como as folhas....
é tempo de dias de nevoeiro no farol!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Poeta

Imagem José Santarém, em www.olhares.com

Só para mim, o solitário,
Brilham na noite os infinitos astros..
Murmura na fonte da pedra uma canção mágica,
Para mim só, para mim, o solitário,
Movem-se coloridas sombras
Das ambulantes nuvens sobre o campo aberto.
Nem casa nem quinta,
Nem floresta nem reserva de caça me são dadas,
Meu é só o que não é de ningúem
Meu é o regato que desce atrás do véu da floresta,
Meu é o tempestuoso mar,
Meu é o riso das crianças que brincam,
As lágrimas e o canto do solitário amante crepúsculo.
Meu são os templos dos Deuses,
Meu é o majestoso bosque do passado.
E não menos no futuro a luminosa
Abóbada celeste é o meu lar.
Muitas vezes no pleno voo da saudade a minha alma
ascende,
Para fitar o futuro da humanidade feliz,
o amor, para além das leis, amor de povo a povo.
E vejo-os outra vez vestidos de nobreza:
O camponês, o rei, o traficante, o marinheiro activo,
O pastor e o hortelão, todos celebram a festa do mundo
futuro.
Só o poeta falta,
Ele é o solitário que medita,
Ele, o que transporta a saudade humana,
De quem o futuro e o mundo
Não precisam já. Secam
Várias coroas no seu túmulo,
Onde ninguém se lembra dele.

(Hermann Hesse in Poesia do Mundo - Março 2007)


**Eu adoro os escritos do Hermann Hesse, este poema não lhe falta nada, porque o poeta está lá.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Testamento

Imagem: Luis zilhão http://www.olhares.com/

Disse: Creio na poesia, no amor, na morte,
e por isso mesmo creio na imortalidade. Escrevo um
verso
escrevo o mundo; existo; existe o mundo.
Da ponta do meu dedo mínimo corre um rio.
O céu é sete vezes azul. Esta pureza
é de novo a primeira verdade, a minha última vontade.

(Giánnis Ritsos in Poesia do Mundo - Março 2007)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ortega


A maior parte das pessoas é desastrada na sua percepção dos outros, que são o objecto mais complicado e delicado do universo.

Ortega y Gasset in Estudos sobre o Amor

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A onda embateu!

Imagem: Hugo Amador www.olhares.com


Ei!!!
veio a onda, que chegou ao farol,
acendeu luz, o caminho abriu-se, a porta tornou-se livre,
e eu que nada sabia desta força,
senti o embate,
as nuvens foram-se
a noite caiu...
a maré vazou
e o farol continuou a orientar os barcos...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Espera de movimento!

Imagem: Raphael o pensativo em www.olhares .com

...A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
A espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento...

(Miguel Torga: Bucólica)

Parabéns foi ontem...a ti que sei quem és.

Imagem: Artur em www.olhares.com

Quem és tu?
Que te conheço tão bem,
e ao mesmo tempo te passeias sem que ninguém te veja...

Quem és tu?
Que vais voando ao sabor do vento,
com o relógio como tempo,
em cima de saltos altos.

Quem és tu?
Que te preocupas com todos aqueles que amas,
que tens sempre mais uma cadeira à mesa,
e uma torrada com manteiga.

Quem és tu?
Poderosa mulher,
e ao mesmo tempo tão frágil e sensivel.
Que vive a vida como uma roda gigante com ponteiros,
por vezes livre e rápida,
outras pensativa e calma,
com príncipios tão teus...

Quem és tu?
companheira,
amiga,
mãe,
que aprecia o prazer da vida,
num brinde de cristal,
onde o vermelho se entorna e te banha.

Quem és tu?
que com aroma te entregas à vida,
com sabedoria vais crescendo,
com uma palavra naquela hora,
fazes-me feliz e a quem te rodeia.

Quem és tu?
Que não se sabe de onde vens...
Desde o centro, da terra do fado,
a tua estrada já passou por tempos longos na capital,
onde Braga também já foi lar,
o Porto caminho de transição,
para no berço criares os teus seres.

Quem és tu?
Só podias ser tu
Rapariga
Amiga
Coração
Heroína
Espirituosa
Lenta....

E, com o caminhar dos anos te tornas mais tu, e entre os 40 nos ensinas como se vai vivendo.

Feliz aniversário, neste e noutros espaços, que entendes tão bem o caminho do meu farol, e as minhas quedas ao vento!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Caminho de folhas

E com a força do vento,
as folhas levantam-se voam e abrem o caminho....


Imagens: José Santarém e Pedro Casquilho em www.olhares.com

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Pedalo ou não?


Não sei se paro!

Se acelero,
se me sento,
se deslizo sobre a zebra,
se pedalo, pedalo, pedalo, até que todas as estradas se deitem!

Ficou o olhar de quem não viu,
O pensamento de quem não esteve,
a roda sem movimento.


(Imagens: Miguel Pereira em www.olhares.com)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O Mar é um!

Imagem: k&p em www.olhares.com

A praia tem pégadas ausentes,
rastos sem destino,
cadeiras vazias,
o verde banha-se no mar e as crianças rodopiam-se na onda que aparece.
As pégadas são pares,
os trilhos são dois,
mas o mar é um,
é uno,
é indivisivel.
Agarro-me ao mar, inspiro o verde
embrulho-me na areia,
em busca da nuvem que o vento leva,
esta nuvem que se descobre e encobre...
E assim me descubro do meu manto!

domingo, 9 de setembro de 2007

Soletrar o dia

Imagem: Alaistar Magnaldo

Tenho tudo por dizer e gasto palavras
para lá chegar. Não sei se me afasto
ou se chego perto. Se alguma vez rocei
a pele do essencial. E pergunto-me sempre
para quê estas palavras que me teimam.
O passado não é o que está feito,
mas o que a palavra alguma fará de novo.
Por isso leio sempre o futuro, mas não sei
para que lado do tempo escrevo. E se soubesse
que arrasto as letras como um caranguejo
diria que só tenho esta mão de palavras.
Soletro os dias em cada coisa que me olha
quando me sinto a vê-la. É tudo.
E não há desculpas para o que faço.

(Rosa Alice Branco - Soletrar o dia - obra poética)


Soletrar o dia pode ser vivê-lo intensamento como se fosse o último, pode ser admirar o orvalho, saltar no mar, marcar a praia, sentir o vento nas árvores, amar, fundir, receber....


.... s o l e t r e m o s .... o .... d i a ... a .... v i d a....

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Quem?

Imagem: António Lança6 em http://www.olhares.com/
Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

(Joaquim Pessoa)

Quem bateu à porta, quem abriu a luz, quem viu o farol, quem quer entrar na manhã de outono, quem percorre o chão molhado e se funde na lama rebolando no verde? Quem? Foste tu?

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Acho a maior graça

Imagem: Ellen Kooi

Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo,
faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!

(Luis Fernando Verissimo)

Assim, vamos é viver!!!!!!!!!!!!! com verdades verissímas.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O que a torna diferente

Imagens: Dublin, Dezembro 06

sabores diferentes, que se bebem com cor com espuma, porque os elementos assim os tornam!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sorriso

Imagem: Silvia Antunes

Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

(Eugénio de Andrade)

O valor do vento

Imagem: http://www.allposters.com/-sp/Sunlight-Streaming-Through-Forest-Posters_i1387916_.htm

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
o vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
o vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
o vento é o melhor veículo que conheço
só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira mar em Agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
o vento actualmente vale oitenta escudos
partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto.

(Ruy Belo 1933-1978)