quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ao meu AMIGO, a ELE



Hoje é o dia do meu AMIGO!
O MEU amigo de todas as horas e momentos,
entre uma viagem,
uma guiness que não falta,
um cigarro ou dois ou três,
aos concertos em terra batida,
ao sofá em noites de choro,
ao deitar em noites tardias,
o meu amigo é de verdade e existe,
existe em mim porque me molda devagar,
porque se esculpiu na minha vida e não sai mais.

O meu amigo, desce de Lisboa, pára em Coimbra, dorme em Gaia, diverte-se no Porto e ruma até ao Berço para mimar os meus dias,
ainda não há palavras inventadas para dizer quem é o meu amigo,
é esse que não falta,
é esse que atravessa caminhos soltuosos ou a direito para dar a mão,
é esse que não gosta de travessias no deserto, nem que seja a camelo,
é esse que me abraça e tudo passa,
é esse que caminha agora pelos 38,
é UM AMIGO ÚNICO!

Entre conversas tardias,
um gin tónico na varanda,
um desejo infinito da felicidade,
é esse o meu amigo,
que não falta nunca!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Não há pachorra, ai não, não!



Imagem 1: Haverá Sangue de Paul Thomas Anderson
Imagem2: Os amores de Astrea e Celadon de Eric Rohmer

Ontem dediquei-me ao cinema e aos filmes, mas devia era ter ficado a dormir, se calhar via coisas melhores.

Iniciei pelo "Haverá Sangue", com um dos meus actores favoritos Daniel Day Lewis, e de facto quase que houve sangue lá em casa, de aborrecimento, de seca, de olhar para o ecrã e admirar que todas as personagens do filme eram horriveis, não havia uma que escapasse, até o míudo que fica surdo, nem esse, me suscitou qualquer carinho.
O Daniel Day Lewis é de facto um actor único, interpreta fantasticamente o papel, mesmo quando não gosto.
Um filme capitalista, onde os presumiveis capitalistas eram de facto os mais agradavéis, porque desde o Padre que pregava a expulsão do diabo e se tornou o próprio diabo, ao irmão que não era irmão, ao pai que não era pai, ao filho que afinal era orfão, eram de facto personagens insuportavéis, mais capitalistas que os capitalistas.

Mas, depois de uma horas sempre à espera que algo de facto se alterasse em mim, o que não aconteceu, dirigi-me ao Cineclube de Guimarães, que normalmente passa os filmes que eu adoro, mas ontem de facto o bom mesmo, era ter ficado no sofá.

Fui ver o "Os Amores de Astrea e de Celadon", adoptado de uma história de amor barroca extraída do romance de Honoré d'Urgé (1568-1625), que de facto me fez rir, e me fez sair ao intervalo, o que retenho do pouco que vi, é que fora ser muito muito mal interpretado, a história resume-se a um pastor que de rastos pela sua amada não acreditar nele, diz:

- vou-me atirar ao rio!

e de facto atirou-se, tendo sido encontrado por uma ninfa dona de um castelo, que se apaixona por ele e não o liberta, a resposta dele, foi:

- vou-me atirar novamente ao rio!

de facto não sei quantas mais vezes ele se atirou ao rio, porque saí no intervalo.

E só posso dizer, não há pachorra mesmo, ai não há não!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O único bem precioso!



Dá-me um beijo como se fosse na boca, dá-me um beijo como se fosse na tua. Dá-me um beijo como eu te dou porque quero sentir na pele o incondicionalismo do meu amor, só para saber quanto custa o que não tem preço mas que, para ti, estará eternamente na prateleira das promoções com o desconto do infinito e uma menina a dar amostras, às quais te fazes cara para que te dê o valor. E o valor sei-o de cor como os lápis de cera que derreti à Santa, pedindo-lhe para interceder junto do teu olhar para que me visses com outros olhos, os gentis que não tinham graduação… por não serem oficiais e não precisarem de óculos.

Dá-me o virar da cara para te conhecer melhor a face esquerda. Dá-me o virar da cara para te conhecer melhor a face direita. E à terceira dás-me os lábios para que eu te mostre o que tenho andado a praticar às escondidas com as tuas bochechas.

Sabes, eu e algumas partes do teu corpo somos cúmplices e não sabes mas conheço-te como não imaginas porque te vês mal… com a rudeza de quem julga o belo como a um filme mau que era preciso ver em boa companhia, com o maior dos intervalos e com o enredo que só as carícias sabem engrossar.

E agora conheço-te completamente como o fruto que me escorrega no sumo até ao queixo, mas que eu resgato com cuidado para que nada se desperdice. É importante que o amor não se desperdice porque o amor, nos dias que correm, é o único bem precioso.

(João Negreiros, Luto Lento)

Lançamento do livro luto lento, de João Negreiros, a ter lugar no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos, no Largo Doutor José Novais, no dia 22 de Novembro pelas 22 horas.
Nesta noite poderá deliciar-se com João Negreiros, através das interpretações viscerais e absolutamente comoventes de alguns dos poemas do seu mais recente livro de poesia.
A não perder!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A morada


Imagem: Lilya Corneli

Um dia voltarei à morada das papoilas
colher os versos vermelhos
que semeei na seara.

Um dia o vento estará maduro.


(Albano Martins)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Guimarães Jazz 2008



Começa hoje, sem perder um único som, o programa aqui

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um vento de amor


Imagem: Gwendoly Kraehnfuss

Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.


(Khali Gibran)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os ginásios



Sempre detestei ginásios, e tudo o que os rodeava, a música normalmente bem alta para que todos oiçam mas sempre a mesma..., as aulas com nome sempre de body qualquer coisa, bem que podiam ser chamadas murros em dança, socos no ar, mas os nomes body pump, body attack, soam sempre melhor.

Nas passadeiras corre-se, corre-se, corre-se para chegar a lado nenhum, a bicicleta sobe e desce montanhas quietas, as roupas dos utilizadores sempre o último grito, combinadíssimas e sem qualquer encorrilho, se possível com as marcas a piscar, os cabelos sempre ao vento que não existe, as conversas de ocosião, pde ser que leve a mais algum lado.
Os corpos, bem definidos, com os músculos bem salientes e mais um peso a ajudar a tonificar mais qualquer coisa.

Diga-se adoro desporto, nunca gostei foi de ginásios, sempre fui um bocado preguiçosa correr, não era bem o meu ideal para um fim de serão, pesos nas pernas nos braços, deitada ou de pé, quantos menos melhor, sempre fui atleta mas gostava era da competição da adrenalina do jogo, do convívio com as amigas e com os treinadores.

Nunca gostei de ginásios, mas lá estou, se calhar como quase todas as outras pessoas!!!!

Não sabia era da existência dos profissionais do ginásio, fazem todas as aulas, são especialistas do step, do peso, saltam a cordam, transpiram na bicicleta, entram às cinco da tarde e quando a empregada da limpeza já suspira pelo último cliente ainda se agarram às máquinas para queimar a última caloria. Fazem os exercícios com um rigor, já todos de cor, olham-se no espelho e admiram-se o quão bom são à beira destas novatas que chegam e tropeçam logo nos pés, que correm atrás dos outros e elevam o braço esquerdo ao invés do direito.... que erro!!!!! ai, ai, ai!!!!

Mas minha gente o que conta é fazer qualquer.... nem que seja ao contrario, nem que seja 10 minutos a uma velocidade lenta.

É verdade que a culpa disto tudo, é do presunto, da manteiga, das francesinhas especiais, da batata frita, da chouriça, da morcela, do queijo da serra, dos patês e dos rojões minhotos, o exterior não se nota, mas estas comidas deliciosas colam-se no interior e depois ai, ai, o colesterol, os triglicerídeos!!!!!

E, pronto la fui eu pedalar, bombar, e como dizem os brasileiros malhar, para um ginásio!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O tempo no relógio que para e não para!


Imagem: Avela

Há alturas em que gostava de brincar com o relógio e, pará-lo,
bloqueá-lo onde me apetecesse, para que o tempo parasse comigo,
todos os ponteiros teriam a mesma hora, a minha, a que eu quisesse,
o tempo que não andasse, mas que me fizesse mover dentro dos ponteiros,
aí sim, teria tempo para escrever,
para ouvir,
para criar,
para
para
para
para........................................ parar!

Mas o tempo anda e dispara e muitas vezes, corro corro e não o apanho,
ou porque durmo demais e não vejo o dia a não ser na almofada,
ou porque não durmo, e fico a encostar-me à rua onde vagueio e adormeço nela,
ou porque o tempo é pequeno para tudo aquilo que cabe em mim.

Se os ponteiros parassem eu só quereria que eles andassem outra vez, e voassem, e me levassem com eles no tempo,
este que nos resta todos os dias,
todos os dias temos que o agarrar para sorrir,
para partilhar,
para que ele pare no nosso peito, e fiquemos horas a contemplar o momento que temos,
ali, lá, aqui, sempre, hoje,
e não o percamos nos outros momentos.