sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
O Farol até ao novo ano!
Imagem roubada neste belíssimo cometa
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
(O Sonho de Sebastião da Gama)
.....................................................
Um Feliz Ano de 2008!
com os ventos de brisa ou mudança,
com a luz do farol que ilumina nas noites escuras,
e recebe a claridade do dia.
____________________que sejamos sempre nós, em nós e nos outros!
Até Janeiro
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
As frases.... arrepiam.....
abraçam-nos e tocam-nos como se fossem dedos...
Obrigada a todos.... sempre
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O que importa é partir...seja lá para onde for!
Escrever é o espelho da alma a reflectir na ponta da pena!
Mas vive intensamente quem na morte lenta procura, com fome, o pão que alimenta a vida: o amor.
abrir janelas sim. essas que vão ao interior. que deixam a verdadeira música chegar.
A luz da poesia alimenta a seiva que escorre pelo tronco da vida.
Soletrar o dia pode ser talhá-lo, como quem saboreia uma verde maçã...:)
Que seria do farol se o mar fosse indefinidamente manso?
Que seria do vento se a sua força fosse permanentemente alísea?
...a cores
inventadas
embaladas
nos olhos...
Vive cada dia como se fosse o último. Um dia acertas...
tudo se move
assim como o pensamento
nunca sabe de onde vem para onde vai ....
somos o que somos aqui e agora,
nada mais...
É infinita a beleza de certas palavras...
Nunca guardes para amanhã um poeta que podes ler hoje!
As manhãs são sempre o nascer do dia o princípio da obra, a luz que nos chama.
noutros tempos
éramos nós
e vivíamos.
Quando os dias são assim, cinzentos, por dentro, é reconfortante sentirmos que podemos SEMPRE dar o braço a alguém
E o coração bate e bate e fica apertado... parece que dói... mas dizem que o coração não dói???...
A viagem do corpo tem sempre bilhete de ida e de volta - é uma encruzilhada de memórias!
O amor para além das palavras e a entrega para além dos desejos. Um porto de abrigo que se oferece.
E essas vozes no interior das paredes que não me deixam adormecer...calem-se!
Luz, é tempo!
domingo, 23 de dezembro de 2007
É tempo!
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
(David Mourão Ferreira)
É Natal,
adoro o Natal,
sentir as luzes da árvore no peito,
andar nas ruas, percorrê-las, sentir o calor humano,
abraçar os meus amigos,
partilhar sorrisos e surpresas,
reunir-me com a minha familia, pequenina mas fantástica.
Desejo a todos um Feliz Natal,
espero que todos tenham um Natal com afectos, o resto não interessa!
E cada um de nós que não se esqueça de todos os que podem precisar de Natal, de um
afecto, de uma palavra...............
a generosidade de dentro....
........ não nos esqueçamos de partilhar abraços.....
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Mais perto
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
O dia que se deita.
deito-me na carpete percorro o chão, as malhas que se unem,
as cores que se encontram quando a lareira se acende,
a música que entra no peito nos CDs que percorro com os dedos,
os filmes que se marcam,
as revistas que nos levam para outras estradas,
e o chocolate que se derrete
... a tarde passa, voa.... o dia deita-se comigo!
A Tristeza
A tristeza é uma irmã mais velha
que vive no quarto dos fundos_________ dos bolsos
sempre que não tenho trocos para lhe comprar uma cama de hotel
para poder vê-la feliz
as calças estão para lavar
as moedas tocam tambor
ou o leito de um rio que fica entre as almofadas do sofá
mana
vai-te embora que tenho saudades do meu quarto
quero dormir na minha cama
sabes
o sofá da sala tem um vale que me afunda as costas
mana
vá lá
pinta-te_________ sai à rua e arranja namorado
e tristeza partiu mesmo antes da morte chegar
o meu quarto está vazio __________ para sempre
(João Negreiros in o Cheiro da Sombra das Flores)
domingo, 16 de dezembro de 2007
As linhas
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Estou por aqui
O trabalho trouxe-me até aqui, onde vou passar uns dias.´
Aranjuez é uma pequena cidade perto de Madrid e junto a Toledo.
O Palácio de Aranjuez, residência de Primavera dos monarcas espanhóis desde o tempo de Filipe II, foi remodelado e ampliado no século XVIII, por Filipe V e está situado na Vila de Aranjuez, (Comunidade de Madrid) junto às margens do Rio Tejo.
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Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.
Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.
(...)
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.
(Fernando Pessoa)
Saibamos então fazer alguma coisa da nossa vida, e em tudo, arrancar tudo!
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Às 3.30 da manhã
Às 3.30 da manhã a cidade sentia
o pulsar dos aromas nocturnos.
Às 3.30 da manhã,
a chuva sentia-se nos corpos,
Às 3.30 da manhã,
a cidade ainda bulia,
Às 3.30 da manhã,
as portas dos cafés fechavam-se nas minhas costas,
Às 3.30 da manhã,
os ponteiros andavam,
a fome apertava,
e a chuva continuava a cair.
Às 3.30 da manhã,
abrem-se os subterrâneos da cidade,
locais escondidos de portas fechadas,
onde um toque na campainha nos transporta para outro cenário,
outro filme,
outra dimensão.
As escadas descem-se, onde o olfacto sente os aromas do real "undreground".
Há mesas vazias, outras despidas,
outras cheias,
onde se jogam às cartas,
onde a conversa se eleva e se baixa, ao som de quem entra,
descobrem-se feições,
caras marcadas de vida,
caras marcadas de gente.
Para lá do balcão,
há uma senhora que cozinha:
tripas, massa à lavrador, rojões ou cabrito...
Às 3.30 da manhã,
o vermelho do vinho aquece os corpos da chuva,
o tecto enche-se com o fumo que escapa das bocas,
as conversas embrulham-se no aroma,
e tornam-se mais lentas, mais breves e mais ou menos reais.
As cadeiras vão-se preenchendo a cada passo, onde o subterrâneo se torna o local de destino, das ruas da cidade.
A conversa da minha mesa,
estava quente,
os brindes aqueciam os dedos,
o tinto acalentava a alma,
o tacho queimava as mãos menos resistentes,
o encanto daquele espaço, daquela noite vibrava as horas que voavam no pulso.
No final da conversa retive: a imagem da cara, do espaço, da gente, e a frase que ecoou no barulho da noite:
" Mais vale ir sempre a jogo, sem objectivo de ganhar, ir pelo prazer de se estar"
E com este ir,
e com este estar,
eu quero voltar
às 3.30 da manhã,
ao "underground" de gente, de sabores,
da minha cidade, onde lá fora a chuva continuava a cair.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
As patas que escrevem
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avançar, cauto,
meio agastado é sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredo,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
(Alexandre O`Neill)
Obrigada Rachel, pelo envio deste maravilhoso poema que anda....
A famosa Quirche
Eu queria saber como se fazia.
Já tinha provado no tecto do quarto dela, muitas vezes,
os seus maravilhosos petiscos,
os seus verdadeiros manjares,
até que um dia a correr, cheia de pressa,
onde eram preciso fazer duas para levar para a casa
do menino da mesa azul e branca,
lá fui vendo de fugida todos os ingredientes.
Aventurei-me, e voilá!
Não tão deliciosa como as da Maria Viene, mas apetitosa.
Obrigada, minha linda!
... agora os amigos é que vão ganhar com a minha nova especialidade à mesa.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
À espera
À Espera!
espera!
esperas?
mas porque te sentas?
espera de pé,
caminha pela estrada,
apanha as folhas,
solta-te,
sente o chão,
sente o frio,
mas levanta-te,
não esperes sentado,
vive o segundo,
ergue o olhar ao cheiro
da rua em silêncio,
que se esvazia na tua espera...
espera... mas não te sentes,
aí sim...
se calhar vais ver que o vento te leva a espera,
o olhar sente o acorde do violino,
que te acorda e te vai levar na corda
para te baloiçares na espera que já não é.
_________________________________
Obrigada ao meu amigo João, por mais uma fotografia que me encanta sempre.
domingo, 2 de dezembro de 2007
Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandeza.
A dor não tem significado quando me roubam as árvores,
as ágatas, as águas.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Adoro... e devoro e vou!
Imagina que todas as pessoas que vivem saíam à rua
era muita gente
imagina
estás a imaginar?
de que cor são?
a que ervas cheiram?
a que sabe o bafo?
olha para dentro agora
estás a olhar?
estás a vê-las?
pois estás
são muitas
cabem-te no coração e tu não cabes em ti
não as deixes morrer
porquê?
porque merecem
porque perecem?
porque te distrais
ficam com frio
com medo
com fome
com pneumonia
já tiveste pneumonia?
não?
pois mas as pessoas já algumas já tiveram pneumonia
e tu nem um calafrio sentiste?
a sério?
um por cada uma?
então estiveste de cama?
quanto tempo?
todos os dias?
então estás sempre doente
e tens sempre temperatura para os aquecer dentro de ti
(está sempre quentinho
tu aqueces todos e todos se aquecem numa lareira a fingir porque as
(paredes do mundo são mornas
e tu ama-las muito
não amas?
amas não amas?
amas não amas?
não?
não?
não?
de certeza?
não lhes sabes o nome?
nem sequer o apelido?
que estranho todos eles sabem o teu nome
(Há sempre lugar p'ra mais um de João Negreiros in o Cheiro da sombra das flores)
_______________________________________________
Dia 1 de Dezembro será lançado este livro maravilhoso no Iduna Espaço, na Rua Brito Capelo em Matosinhos, às 21.30h.
Diversas performances com poemas do livro estarão a cargo de dois actores
O prefácio do livro foi escrito por Joaquim Pessoa, donde retiro:
"O Cheiro da Sombra das Flores que é, em si, um dos bons motivos para celebrar o aparecimento de um jovem poeta que conhece.... os caminhos, os segredos, a magia e a força do discurso poético.
Não é comum esta poesia hoje. Não é vulgar (...) Negreiros rasga, fere, incomoda, impacienta."
mais sobre João Negreiros aqui.
Eu adoro, quanto mais me enredo nas letras, mais as devoro... e dia 1 lá estarei, e como há sempre lugar para mais um..... estão todos convidados
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Homenagem a Cesariny
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Rio
Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.
E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.
E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.
E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.
Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.
Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.
Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.
(Jorge luís Borges)
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Magia
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Desafios - The special one
Como andamos em marés de desafios, os blogs 7 pecados mortais e porque ainda acredito... propuseram-me que escreva a 5ª linha da pagina 161 de um livro.
Assim, e como sou fã do Mourinho, e este blog já tem muitos textos e frases poéticas, optei por uma coisa diferente.
Ainda não tinha feita nenhuma referência à personagem do Mourinho, para mim acho-o um génio no país do futebol.
É mesmo the special one.
E a ele se devem muitas vitórias também do meu Porto.
Assim do livro José Mourinho - Um ciclo de Vitórias de Luís Lourenço, temos:
"Tentou guardar para sempre as imagens e os sons de um público vibrante, frenético até, que a espaços gritava o seu nome."
Amigos que vamos fazendo
Pois é, isto da blogosfera tem destas coisas, e vamos comunicando pelas letras e pelas imagens com pessoas que têm em comum conosco a curva de uma palavra, a partilha, o gosto de ler, e tanto mais.
Eu agradeço a todos os que me visitam, porque fazem parte deste farol, e trazem vento às letras para escorregarem para o ecran.
Eu ganho com os vossos comentários e com os vossos blogs.
Quero agradecer à Ajo à Silêncio Culpado e à hanah, por me terem atribuido os prémios: até não é um mau blog, e o prémio amizade.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Encruzilhada
Aqui vai a minha resposta aldrabada, porque com alguns posts informativos estava a ser dificil, mas uma boa encruzilhada também tem uma dose de batota... aqui vai a minha.
Há palavras
que nos oferecem a dose da fatia de um doce.
os corpos vivos vagueiam
por onde caminham as estradas,
saltam para o sonho e dançam nas bermas,
o tempo corre,
as folhas voam,
e eu livre de mim, faço cair no Outono
os mantos da saudade,
e na estação do tempo,
quer ser....
o que de mim vier....
Ser
domingo, 18 de novembro de 2007
Corpos vivos
Os dois corpos ondulam-se no tempo,
desesperam na angústia do tempo que lhes cabe,
que tempo irá parar os corpos?
que corpos se manterão?
Unidos, estarão sempre,
são corpos bafejados pelas ausências:
da pele,
do toque,
do contacto,
do prazer,
sãos machos,
são fêmeas,
pessoas,
jardins,
flores,
são pedras,
são tudo aquilo,
que os tempos os tornaram.
Permanecem os corpos ausentes,
continuam os presentes,
os corpos são indivisiveis,
ficam com eles,
a vontade de se ondularem,
sentirem,
bailarem,
cruzarem,
fica a vontade...
São corpos celestes,
que se abraçam nas estrelas,
que se embrulham com os planetas,
permanecem com o sol,
e procuram o meteoro,
para voltarem,
são nus,
são vivos,
são corpos.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
livre
Há palavras
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
(Alexandre O'Neill)
Este poema toca-me sempre na pele....
sinto a boca em cada palavra....
..................................sinto-as
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Sonho
Imagens: Hea
Desgarrada la nube; el arco iris
brillando ya en el cielo,
y en un fanal de lluvia
y sol el campo envuelto.
Desperté. ¿Quién enturbia
los mágicos cristales de mi sueño?
Mi corazón latía
atónito y disperso.
...¡El limonar florido,
el cipresal del huerto,
el prado verde, el sol, el agua, el iris!
¡el agua en tus cabellos!...
Y todo en la memoria se perdía
como una pompa de jabón al viento.
(António Machado)
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Dose da fatia de um doce
Não mo dês todo hoje que amanhã vou precisar dele outra vez
eu sei conheço-me bem
e nesse aspecto sou exactamente como o resto da humanidade
preciso de ser amado todos os dias
só espero não morrer muito velhinho para que o teu amor me dure até ao fim da vida
(João Negreiros in o Cheiro da sombra das flores)
sábado, 10 de novembro de 2007
Cair no Outono
Chegou o Verão de S. Martinho.... entrou sem o Outono ter chegado, o verão ainda não arredou pé da mesinha de cabeceira...
Colocaram-se folhas de Outono nos blogs, outros mudaram as cores para cheirar a Outono, mas ele teima em não aparecer.... espreita durante a noite.... mas desaparece mal o sol nasce. O fumo das castanhas já se sente nas avenidas, mas apetite para queimar as mãos, e para aquece-las, ainda não chegou.
As lareiras foram substituidas por ares condicionados, não se vê o fumo a escapar das chaminés, os casacos os cachecois, os gorros, ainda não se abriram dos armários, e as toalhas de praia, ainda caminham pela casa.
O frio não chega, o vento mal se sente, os arrepios não acontecem, não se bate o dente, não entendo este tempo.... acho que vamos chegar ao Natal e substituir o bacalhau pela sardinha assada.
Assim, espero que o Verão de S. Martinho feche a estação, e se comece a sentir verdadeiramente que vivo numa cidade do norte, onde as folhas cobrem as estradas, a neblina matinal inspira-se, a geada cobre os campos, os cafés enchem-se de gente a beber um chá quente.
Quero sentir o Outono! e voar voar com as folhas....
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Guimarães jazz 2007 - já começou
A minha cidade nestes dias muda de cor,
de forma,
de música e de gente.
Tudo se espelha nos trompetes, nos saxofones, nos sons dos sopros, das teclas e dos brilhos...
Começou ontem o Guimarães Jazz com Pharoah Sanders Quartet, eu fui e gostei muito...
os sons estavam lá desde o piano, ao contrabaixo, a bateria que estava potente e o saxofonista entrava e saia, mas enchia sempre o placo, e quem o ouvia.
Dizem os especialistas, que o cartaz é fantástico, a não perder mesmo. Ver aqui.
Eu ainda vou voltar lá mais uns dias, ai vou vou.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Estação
Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho
Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça
(Mário Cesariny)
As carruagens que passam e não passam que apitam e não fazem barulho, que se espera e desespera, e que .... não têm carris para caminhar....
terça-feira, 6 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Não falto não...ai não, não.
Amanha, remarei a caminho da capital...
Primeiro dia vou assistir ao maravilhoso Rufus Wainwright, imperdível, único, magnífico, sublime, e tudo o mais que direi no fim...
Vou libertar mesmo todas as estrelas....
Dia seguinte os nova iorquinos Interpol, que não perco não, grupo de rock alternativo que sou apaixonada há anos.
E lá vou eu onde me leva a música.
Assim, todo o vento do norte e toda a luz do farol vão estar no Coliseu dos Recreios.
sábado, 3 de novembro de 2007
Por onde caminham as estradas.
Por onde vão as estradas,
por onde caminham longas avenidas,
entre verdes campos, entre montanhas que aparecem no relento das manhãs, e nas noites frias, as estradas cruzam-se em cada caminho, são estradas perdidas, que nos levam e nos transportam para outras estradas, que não conhecemos, não têm placas, nem nomes, nem destinos.
São as estradas da vida, com pontes, tunéis, claras, escuras, em alcatrão, em pedrado, ou terra batida, são as estradas que devemos caminhar, percorrer, apanhar boleia, ou parar à espera que outra estrada, outro entroncamento se cruze, se encarregue de nos fazer viajar...
ai as estradas locais de passagem, de viragem, de caminhos, de aventuras, de chão firme, ou não... que importa,
o importante é olhar a estrada, e com ela às costas no peito, andar, e ir, ir sempre, na viagem no caminho da estrada, e não fazer inversão de marcha, o que há para lá... no fim da estrada deve ser sentido, admirado, chorado, mas vivido.
ai as estradas da vida! que boas que sois, sem elas estaríamos sempre, no canto à espera de construções.
Quero ir nessa estrada, na companhia da lua da melodia dos pássaros, e derreter-me no alcatrão até me esculpir no tempo.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Saudade
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
(Vinicius de Moraes)
Eu morreria sem alguns dos meus amigos, sem os ter, sem saber que estão bem, sem me ver na vida deles, sem os sentir como meus amigos, sem saber que moram dentro do meu peito....
Todas as perdas têm dor... mas a de um amigo, é a única que não se arranca do peito.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Decido eu
Imagens: Sophie Thouvenin
Não digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos
teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o resto da viagem. Anda,
vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo - é um
destino sem dor e sem memórias. Tens
sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja - morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.
(Maria do Rosário Pedreira in Nenhum nome Depois)