sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O frio do Outono


Imagem: Harrier

Hoje já me cheirou um bocadinho pela manhã,
quando abri as janelas e senti um arrepio no corpo,
quando no alto dos céus as nuvens pintavam tudo de branco,
quando os pés já pediam uns sapatos mais fechados,
quando já se começava a cheirar a castanhas pelos cantos da cidade,
quando as terrinas esbordam marmelada saída das árvores.

hoje já te senti ainda que pouco,
ainda que apenas cedo,
ainda que agora já não te sinta,
ainda que tenha que esperar pela noite para soprar contigo,
ainda que muito levemente.

Mas já te senti,
e tu vais chegar devagar,
mas vais chegar para alegrar as minhas manhãs,
quando acordar e te sentir,
quando me deitar na madeira da varanda e sentir o zumbido nas árvores,
quando sentir que os passáros já dormem,
e ouvir-te,
e sentir-te,
e arrepiar-me,
e for buscar mais um casaco,
e a lareira já pedir lenha,
aí sim... sei que chegaste e vieste para ficar...

4 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

deve ser mesmo maravilhoso ser mãe.

o teu poema fez-me arder os olhos como o fumo das castanhas...


csd

Luísa disse...

Manhã de outono que me arrepiou...de emoção por te ler, vos ler!
Beijinho terno!

vieira calado disse...

Olá, amiga!

gostei do deu poema "bem feminino"

com interessantes passagens.

Beijoca

Afranio do Amaral disse...

Sou Afranio do Amaral, e morro e renasço para seguir fugindo de mim.
Cumprimentos.