Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
(Mario Cesariny 1923-2006)
5 comentários:
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo ...Pedro Sem...,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
Florbela Espanca
Cara Su, este blog renasce, com os textos que vais partilhando, com rasgos que vais tendo, agradeço-te eum nome das palavras escritas ao vento, porque as tuas letras o vento não as leva, ficam amadurecidas como as cerejas, por muito que agora não pareça....
Mas quando eu construir a minha casa de papel, saberei que por muitos caminhos que trilhe, terei sempre faróis que me guiam, que me dão luz, e que me atiram palavras.
São as tuas palavras que fazem florescer a alegria, os ramos com sorrisos, o orvalho, a chuva, mesmo em dias de nevoeiro, em que a luz do farol é infíma.
Nas ruas da vida vagueamos e nelas nos encontramos!
Dos encontros retemos quem mais gostamos...
Cruzam-se caras novas, ouvem-se frases novas, assiste-se a novos viveres e saberes.
Nesses cruzamentos, aprendemos a viver.
Olhamos os stops, mas alimentam-nos muito mais os sinais vermelhos...Ops!Esses deveriam fazer-nos parar!Mas avan�ar com eles, � muito mais desafiador...
Por isso, quebram-se regras...
Quebremo-las!
Para que não te deixe apenas com o que escrevo:
"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."
Vinicius
Just a friend ninguém se perde nas ruas que te encontra!
Lindo o poema que partilhas, não conhecia, e como também sei que não o puseste por acaso, sabes que me revejo muito nestas palavras. Gostei particularmente do que tem medo de ferir e ferir-se, sim, é verdade, o maior sentido é tentar não ferir, mas por vezes é necessário, desde que sejamos sempre honestos conoscos.
A maior solidão é a do ser que não ama, que não partilha, que não se dá, que tem medo de receber, que não se expõe, que não vive, que por qualquer razão desiste de si, que não tem amigos, que não tem quem o ame.
Ah! a verdadeira solidão muitas vezes é a insatisfação!!!
Este farol, não é solitário porque é de quem quiser vez a luz.
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