quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Era uma vez um país

Imagem: Cathy Delanssay

Era uma vez um país
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo
onde longe longe longe
mais longe que a ventania
mais longe que a flor da sombra
ou a flor da maresia
em sete lagos de pedra
sete castelos de nuvens
em sete cristais de gelo
uma princesa vivia

Era uma vez
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo
onde longe longe longe
mais longe que a luz do dia
com a sua coroa de abetos
e seus anéis de silêncio
suas sandálias de tempo
seu tear de nostalgia
uma princesa tecia
o seu tapete de espanto
no fio da fantasia
do seu casulo de encanto

(Ary dos Santos 1937-1984)

4 comentários:

lupuscanissignatus disse...

Ary dos Santos é perene e intemporal.

"Era uma vez um país/na ponta do fim do mundo"

Obrigado pela partilha.

Dalaila disse...

Caro Lupussignatus é mesmo...
Mas onde será esse era uma vez?
:)

Anónimo disse...

É onde tem de ser

Na ponta do alvorecer

Quem sabe conhece

Quem não, desaparece

Viva, a princesa tecia

Morta teceriam

Gostei de mais, por isso o abuso!

Ana

Dalaila disse...

Este farol no vento do norte, ganha vida com comentários como o teu "Ana", sê bem vinda, na ponta do alvorecer, e que estas e outras palavras, sílabas, sejam sempre escritas e que sejam degustadas e comidas.
Não importa a quem escrevemos, importa o que se sente quando se escreve e o que fica quando se lê.
Obrigada
:)