Imagem: Cathy Delanssay
Era uma vez um país
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo
onde longe longe longe
mais longe que a ventania
mais longe que a flor da sombra
ou a flor da maresia
em sete lagos de pedra
sete castelos de nuvens
em sete cristais de gelo
uma princesa vivia
Era uma vez
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo
onde longe longe longe
mais longe que a luz do dia
com a sua coroa de abetos
e seus anéis de silêncio
suas sandálias de tempo
seu tear de nostalgia
uma princesa tecia
o seu tapete de espanto
no fio da fantasia
do seu casulo de encanto
(Ary dos Santos 1937-1984)
4 comentários:
Ary dos Santos é perene e intemporal.
"Era uma vez um país/na ponta do fim do mundo"
Obrigado pela partilha.
Caro Lupussignatus é mesmo...
Mas onde será esse era uma vez?
:)
É onde tem de ser
Na ponta do alvorecer
Quem sabe conhece
Quem não, desaparece
Viva, a princesa tecia
Morta teceriam
Gostei de mais, por isso o abuso!
Ana
Este farol no vento do norte, ganha vida com comentários como o teu "Ana", sê bem vinda, na ponta do alvorecer, e que estas e outras palavras, sílabas, sejam sempre escritas e que sejam degustadas e comidas.
Não importa a quem escrevemos, importa o que se sente quando se escreve e o que fica quando se lê.
Obrigada
:)
Enviar um comentário