quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Decido eu



Imagens: Sophie Thouvenin

Não digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos

teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o resto da viagem. Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo - é um
destino sem dor e sem memórias. Tens

sede
? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja - morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.

(Maria do Rosário Pedreira in Nenhum nome Depois)

8 comentários:

lupuscanissignatus disse...

A viagem do corpo tem sempre bilhete de ida e de volta - é uma encruzilhada de memórias!

A paisagem do corpo fica colada à pele como fotograma do idíli!

Magnífico e poderoso monumento e momento poético de uma poetisa a descobrir...

Retenho esta parte, que é sublime:

"Vem repousar os martírios da estrada]
nas curvas do meu corpo - é um]
destino sem dor e sem memórias]"

SILÊNCIO CULPADO disse...

Impressionantemente bela esta viagem que é entrega, que é paixão, que é amizade e que é redenção. Porque tudo dá sem perguntar, sem exigir e sem implorar. Assim, sim, vale a pena amar.

SEMPRE disse...

O amor para além das palavras e a entrega para além dos desejos. Um porto de abrigo que se oferece.

Anónimo disse...

sonhos, sensações, o filme da paixão que invade o teu pensar, o teu desejo, a entrega, a plena união, sem se nem então, o sonho adrenalina, o calor chocolate.

sonha e entrega-te ao teu coração.

Marinha de Allegue disse...

Decidir en primeira persoa é un exercício ben saudable.

Unha aperta grande linda.
:)

Anónimo disse...

Quem ama cuida, não faz perguntas, entrega-se e reparte.
Belíssima lição de vida.

Dalaila disse...

Olá Lupussignatus!

Todos os corpos que nos fazem repousar, que nos retiram das memórias, que não provocam dor, devem ser percorridos devegar... por toda a pele, por todo.

Beijo

Olá Silêncio!

O dar sem pensar no amanhã! dar-se e receber como quem necessita de beber.

Beijo.

Olá Cuca!

Um porto de abrigo ao desejo, ao querer... um porto de abrigo que só quer abraçar para lá do corpo.

beijo

Olá João!

O chocoloate que se funde em forma de corpos com sede....

Olá marinha!

termos a capacidade de sabermos o que queremos, é dificil, mas muito bom

Olá Sniper!

Sem perguntas, sem angustias, sem quere saber o amanhã, porque hoje a sede vai ser saciada, no bolo de laranja...

nana disse...

que tanto tudo...


obrigada.

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