Imagem: Aurélie Villegas
Com palavras me ergo em cada dia!
Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto
e saio para a rua.
Com palavras - inaudíveis - grito
para rasgar os risos que nos cercam.
Ah!, de palavras estamos todos cheios.
Possuímos arquivos, sabemo-los de cor
em quatro ou cinco línguas.
Tomamo-las à noite em comprimidos
para dormir o cansaço.
As palavras embrulham-se na língua.
As mais puras transformam-se, violáceas,
roxas de silêncio. De que servem
asfixiadas em saliva, prisioneiras?
Possuímos, das palavras, as mais belas;
as que seivam o amor, a liberdade...
Engulo-as perguntando-me se um dia
as poderei navegar; se alguma vez
dilatarei o pulmão que as encerra.
Atravessa-nos um rio de palavras:
com elas eu me deito, me levanto,
e faltam-me as palavras para contar...
Egito Gonçalves,
in Sonhar a Terra Livre e Insubmissa
11 comentários:
Passo por aqui para te ler e reler, o que sabe sempre muito bem!
Aproveito para te desejar uma execelente semana.
Beijinhos e até breve.
;O)
e água que às vezes falta
para
por
dentro
regar...
~
Esplendoroso!
Maravilhoso!!
Nostálgico!!!
just a word
Excelente.
Poema muito bonito!
E o teu nome também é bem interessante; «Dalaila» será que vem de... Dalai Lama? :-)
rio
sem
açudes
nem
barragens
Muito bonito! Egito é sempre uma óptima escolha, Dal - e este poema em particular, muito interessante!
Bjs,
Luis
Muito bonito! Egito é sempre uma óptima escolha, Dal - e este poema em particular, muito interessante!
Bjs,
Luis
as palavras...
sempre as perco...
linda partilha....
bjos
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