segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Apelo

Imagem: S. Sebastian fev 07

Na areia por onde passo,
Deixo pegadas,
Que se afogam,
Nas ondas da praia.

O vento, que se faz sentir
Agita, as nuvens carregadas
De água.
E estas iniciam o seu choro.

Nesta praia,
Onde venho chorar,
Vezes sem fim,
Passeio à beira-mar.

O vento açoita-me,
A chuva molha-me,
A tristeza assola-me,
E eu caminho,
Chapinhando,
Nas ondas que se desfazem
Na praia.

Só, sozinho
Nesta praia deserta
Num dia de Inverno
Perdido,
Num mês de Primavera
Liberto a minha imaginação...

E como na tela,
De um pintor.
Apenas as gaivotas
E o amor,
Não aparecem
Em desenhos, de cor.

Navego, ao sabor do vento
Numa folha de papel
Onde derramo pensamentos.

E neste triste quadro
Pinto mágoas
Em telas de desalento

(Vinicius de Moraes)

4 comentários:

Maria Viene disse...

Imagem e poema a pedir saudade!

Bela viagem! Inesquécivel.

beijo, linda

lupuscanissignatus disse...

Poema em forma de tela, salpicado pelas cores e os odores da maresia...

Dalaila disse...

Querida maria viene: ás vezes sinto que tenho saudades de ter saudades.
mas que foi fantástica, foi, foi...ficará na memória de quem a viveu.

:) bj enorme

Dalaila disse...

olá lupussignatus, é uma tela que fala...
Gostei da tua forma de o ver...e como o sentiste.
:)