Só para mim, o solitário,
Brilham na noite os infinitos astros..
Murmura na fonte da pedra uma canção mágica,
Para mim só, para mim, o solitário,
Movem-se coloridas sombras
Das ambulantes nuvens sobre o campo aberto.
Nem casa nem quinta,
Nem floresta nem reserva de caça me são dadas,
Meu é só o que não é de ningúem
Meu é o regato que desce atrás do véu da floresta,
Meu é o tempestuoso mar,
Meu é o riso das crianças que brincam,
As lágrimas e o canto do solitário amante crepúsculo.
Meu são os templos dos Deuses,
Meu é o majestoso bosque do passado.
E não menos no futuro a luminosa
Abóbada celeste é o meu lar.
Muitas vezes no pleno voo da saudade a minha alma
ascende,
Para fitar o futuro da humanidade feliz,
o amor, para além das leis, amor de povo a povo.
E vejo-os outra vez vestidos de nobreza:
O camponês, o rei, o traficante, o marinheiro activo,
O pastor e o hortelão, todos celebram a festa do mundo
futuro.
Só o poeta falta,
Ele é o solitário que medita,
Ele, o que transporta a saudade humana,
De quem o futuro e o mundo
Não precisam já. Secam
Várias coroas no seu túmulo,
Onde ninguém se lembra dele.
(Hermann Hesse in Poesia do Mundo - Março 2007)
**Eu adoro os escritos do Hermann Hesse, este poema não lhe falta nada, porque o poeta está lá.
10 comentários:
Sim, o Poeta está lá, mas a poesia está aqui...
E no original o HH escreveu aqueles termos a vermelho?...
Ol� K!
J� tinha saudades das tuas letras...
Ol� RPS!
Fui apanhada....
Meu é o sorriso dos outros...
Meu são os sucessos de quem sorri...
Meu é o gosto de ver florir quem conheci aina menina!
Meu é o mundo partilhado por tantos e tão poucos seres que vagueiam, sem dar conta, pela vida!
Bjnh
O poeta é assim: presente, densifica a vida, ausente faz a vida perder o seu rumo...
Na tua ausência
O sol não sorri
E o céu chora
Na tua ausência
Procuro o meu coração
Que partiu ao teu encontro
Na tua ausência
Corro sem sentido...
"Poema" escrito quando senti saudades da poesia...
Cruzando a noite gélida sem qualquer tipo de hesitação, o Lobo da Estepe reconheceu na solidão alba da neve um vulto que era familiar: a do homem que, pelo punho da caneta, o havia criado para o mundo...
Bom fim de semana.
Olá Just a Friend!
Teu, és tu,
Teu, somos nós,
Teu, é os tu que vais fazendo nos nós,
Teu, é tudo o que vês nos outros;
Teu, tão teu, porque tu és tu no teu teu.
Olá Filipe!
Bem vindo ao farol com páginas escritas ao vento,
espero que escrevas muitas vezes, nas saudades ou não, porque é lindo!
E assim, fazes com que este farol corra com um sentido, da poesia dos outros é assim que ele se alimenta....
Volta, este vento precisa dessas palavras com luz.
Olá lupussigantus!
Que farol, seria o meu, sem as tuas palavras... que vento?? não havia brisa, nem luz...
pelo punho da caneta, ou pelo dedo que tecla, ou pela voz que se ouve, ou pelo, ou pelo, ou pelo, mas que hajam poetas, e poesia.
E assim nos aqueces.
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